Lobby no Congresso pode virar mico
Maurício Corrêa, de Brasília —
Em conversa com este site, um atento e experiente analista dos trabalhos congressuais alertou que a linha de trabalho do grupo que critica a aprovação do PL 11.247 (que regulamenta as eólicas offshore) pode estar comprometida.
O especialista lembrou que o posicionamento contra e a favor da proposta é livre e cada qual se manifesta da forma que considera mais apropriada. Não contesta a legitimidade, no caso, da crítica ao PL 11.247.
O que destaca, entretanto, é a forma como o Congresso está sendo alvo do chamado “Movimento Transição Energética Justa”, considerando que uma coisa é o lobby junto à mídia e a veículos que estão ideologicamente alinhados com a crítica ao PL. Outra coisa bem diferente, no entanto, é o lobby junto aos congressistas, que não pode ser igual. “Deputado é sempre muito sensível e costuma guardar mágoas”, lembrou.
De acordo com a mesma fonte, ao dar uma nota negativa a muitos parlamentares que não concordam com os posicionamentos do grupo, o Movimento estaria correndo o mesmo equívoco de alguém do setor elétrico que teria dito que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, estaria defendendo os interesses de uma ampliação da rede de gás natural, chamada Brasduto, que numa entrevista em off ao jornal “O Estado de São Paulo” foi denominado pejorativamente de “Centrãoduto”.
Todo mundo conhece como a história acabou. Lira virou uma onça, engavetou o PL 414 de modernização do setor elétrico e até hoje o assunto não anda. Está praticamente morto.
A fonte ouvida pelo site salientou que “não é possível se relacionar com os congressistas dessa forma, dando porrada neles. Não leva a lugar nenhum. Algumas pessoas do setor elétrico não aprendem a lição. Todo mundo depende de decisões do Congresso. Como é possível achar que o deputado X ou Y vai decidir a seu favor, se você faz um ranking que o desmoraliza? Isso está me cheirando o caminho do fracasso já trilhado pela mesma pessoa que atacou o Arthur Lira, ou seja, não se chegará a lugar nenhum por um erro brutal de estratégia. Estamos vendo uma espécie de “Centrãoduto II”. O setor elétrico me desculpe, mas quem montou esse ranking de congressistas não passa de um amador. Deputado aprecia ser tratado com mais carinho”.