Quem pensa pequeno em Brasília sempre dança
Maurício Corrêa, de Brasília —
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um homem de partido. Pode ter os seus defeitos (e certamente tem alguns) mas ele é antes de tudo um fiel cumpridor de decisões que são tomadas pelo grupo político que manda e não pede na Petrobras. Prates está totalmente afinado com essa turma.
Prates não dá um passo sem consultar as lideranças sindicais das áreas de petróleo e gás controladas pelo PT. Em poucas vezes se viu tanta força partidária mandando na principal estatal brasileira. É só acompanhar o dia a dia: parece que a área sindical é que dá as cartas na Petrobras.
Não é sem motivo que o mercado, que não morre de amores pelo PT, está se lixando para Prates e não tem a menor confiança nele.
Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apenas convivem no mesmo Governo. E às vezes essa convivência não tem nada de civilizada. Canelas são chutadas por baixo das mesas, nos bastidores, sem qualquer cerimônia.
O mercado perdeu bastante do entusiasmo que já teve, um ano atrás, com o atual titular do MME. Mas entre Silveira e Prates, não há dúvidas: o mercado prefere Silveira. E este aparentemente não dispensa uma boa briga, mas sempre no estilo mineiro, como quem não quer nada. Ele é mais ou menos como um segundo tenente comandante de pelotão de Infantaria, que manda a soldadesca para o pernoite sempre com um sorriso e educação.
Será interessante acompanhar os desdobramentos da trajetória de Prates na Petrobras. O Poder em Brasília tem essa peculiaridade: você se sente ultra-seguro e acha que não há nada no horizonte que possa constituir ameaça ao seu posto. E, de repente, assim, do nada, aparece um engraçadinho e puxa o seu tapete. Às vezes, o tombo é tão repentino, que você nem tem tempo de saber como começou.
Jean Paul Prates deveria ficar mais atento, pois decisões provincianas podem gerar ondas gigantescas que mais parecem um tsunami.
A batata pode estar assando prá cima dele.