Biden congela novos projetos de GNL
Maurício Corrêa, de Brasília —
O GNL tem sido intensamente utilizado pelos Estados Unidos para suprir a Europa, depois que os russos deixaram de ser os principais supridores para a região, devido à guerra na Ucrânia.
Quem mais lucrou com o fechamento das operações de gás natural da Rússia em relação aos países europeus (e também ao Japão) foram os Estados Unidos, que passaram a ser os novos fornecedores de GNL. O preço que se paga pelo gás americano é absurdo, em comparação com o gás russo, mas é o que a Europa decidiu pagar para honrar a Aliança Atlântica. Diga-se de passagem, por pressão dos Estados Unidos.
O gás natural é extraído no Sul dos Estados Unidos. Em seguida, é embarcado na forma de GNL, no Golfo do México, em navios especiais, para a Europa. Ao chegar, o GNL é novamente transformado em gás natural, em estações de regaseificação. Depois é distribuído para os países que o importam.
Um processo caríssimo, mas a Europa não tem escolha, pois o seu parque industrial funciona à base do gás natural e a guerra acabou com o insumo que vinha da Rússia a preços altamente competitivos. Algumas economias, como da Alemanha, por exemplo, estão pela bola sete.
Agora, Biden, surpreendentemente, diz que o seu governo não aprovará novos projetos de exportação de GNL. Ou seja, deu uma bela congelada no GNL americano, que estava faturando horrores com a demanda vinda da Europa e do Japão.
Lá, como aqui, o lobby empresarial age rapidamente. Como o pau está comendo entre republicanos e democratas, como parte do processo eleitoral deste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, que é um republicano ligado ao ex-presidente Trump, publicou uma mensagem no antigo Twitter, em que diz, numa tradução livre:
“A decisão do presidente Biden de suspender os terminais de exportação de gás natural é ultrajante. Ao dobrar os joelhos aos ativistas climáticos, o presidente está capacitando a Rússia a tornar mais fraca a segurança energética dos EUA e a aumentar a dependência da Europa nas sujas exportações russas. Um fracasso abjeto”.