Muita vontade de aparecer
Maurício Corrêa, de Brasília —
Quem acompanha o dia a dia da área institucional do setor elétrico brasileiro encontra algumas situações que são surpreendentes e dizem respeito aos interesses políticos.
Qualquer um que tenha acessado os sites do ONS, da EPE, da ANP e da Aneel, na manhã da segunda-feira, 15 de abril, encontrou um mundo de sobriedade e aderência ao trabalho de natureza técnica. Nenhum dos quatro órgãos vinculados ao MME ostentava, na página de abertura, fotos de seus dirigentes.
No entanto, quem abriu o site da CCEE viu uma inexplicável vontade de aparecer do seu presidente do Conselho de Administração, Alexandre Peixoto, que estava em três das cinco fotos ali estampadas. Inclusive uma foto enorme para padrão digital, no tamanho 13 x 9.
Peixoto provavelmente se baseou no seu mentor, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que, só, no mês de abril, tem o nome e foto em sete de 22 textos de divulgação da Pasta. Alexandre Silveira isso, Alexandre Silveira aquilo, e por aí vai.
Alguns inclusive são utilizados por este site, pois uma das lições do jornalismo é que não se pode brigar com a notícia.
O ministro é político e político, como todo mundo sabe, precisa aparecer. É parte do mundo deles, até porque Silveira aparentemente tem legítimas aspirações políticas pela frente e, se não pode aparecer, provavelmente não deve valer a pena ser ministro.
Mas em relação ao outro Alexandre, o da CCEE, nada justifica tanto exibicionismo. Ele pode perfeitamente fazer o seu trabalho (e aparentemente faz um bom trabalho) sem cair na armadilha do culto à personalidade. Faria inveja a Nicolae Ceaucescu, se vivesse na Romênia nos anos 80.
Não consta que seja candidato a algum cargo eleitoral em 2024 ou 2026. Então, não precisa aparecer.