Pesquisa mostra realidade do ML em 8 países
Da Redação, de Brasília (com apoio da Abraceel) —
Brasileiros, chilenos, colombianos e uruguaios têm algo em comum quando o assunto é política energética: a depender do resultado de discussões em curso em cada país, mais consumidores locais podem ganhar autorização para escolher o fornecedor de eletricidade e comprar o insumo no mercado livre de energia elétrica, onde ganham direito de escolher preço, prazo de fornecimento, fonte de energia e outras funcionalidades e serviços que se adequem melhor às respectivas necessidades.
A coincidência aparece nos resultados de pesquisa inédita realizada pela Abraceel e Associação Ibero-Americana de Comercialização de Energia (AICE) em oito países – Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai, Equador, México, Portugal e Espanha, todos com instituições associadas à AICE – para coletar informações comparativas e conhecer o cenário e desafios da comercialização de energia nas nações ibero-americanas.
O estudo foi aprofundado em debate organizado no dia 03 de outubro, pelo YouTube da Abraceel com os representantes de nove associações de classe dos oito países, que puderam esclarecer assuntos relacionados ao acesso ao mercado livre de energia, segurança de mercado e formação de preços.
“Timeline” do mercado livre começa com o Chile
O Chile foi o primeiro país a adotar uma política pública de abertura do mercado de comercialização de energia, criando o mercado livre em 1982. Foi seguido pela Colômbia (1994), Brasil (1995) e Portugal (1995), e depois por Espanha (1997), Uruguai (1997), Equador (2000) e México (2014). No Brasil, a Lei 9.074/1995 deu liberdade para escolher o fornecedor para consumidores com demanda maior que 10.000 kW – ou novos consumidores com demanda maior que 3.000 kW, acrescentando que, oito anos depois, ou seja, a partir de 2003, o governo federal poderia editar medidas para ampliar o acesso ao mercado livre de energia para todos os consumidores.
Em 3 dos 8 países, todos os consumidores são livres
No Brasil, são elegíveis para comprar energia no mercado livre os consumidores de energia em média e alta tensão. Já na Colômbia, todos os consumidores são livres, mas com uma particularidade. Consumidores não regulados precisam ter demanda maior que 100 kW ou consumo superior a 55 mil kWh-mês para negociar livremente. Os consumidores regulados, que são as residências e pequenos comércios e indústrias que não atingem os limites anteriores, precisam adquirir um medidor inteligente e a tarifa não é negociável.
Na Espanha, parte dos consumidores livres podem comprar com tarifas reguladas
Em Portugal, como em todos os países da União Europeia, todos os consumidores de energia também são livres para escolher o fornecedor e as condições desse fornecimento. Na Espanha, um grupo de consumidores livres pode comprar energia com preços regulados por um comercializador de referência – cerca de 30% dos consumidores estão nesse mercado, consumindo 24% do volume de energia comercializado. Há debates na Espanha para refinar as regras e evitar distorções. O país conta atualmente com 566 comercializadores, número similar ao do Brasil (522), mas que atendem mais de 30 milhões de consumidores livres, quando o Brasil acaba de superar a barreira dos 50 mil.
Veja mais destaques da pesquisa sobre comercialização de energia nos países da Ibero-América:
– Portugal foi o país que abriu completamente o mercado no menor espaço de tempo (entre 1995 e 2006).
– O Chile tem o terceiro maior percentual de consumo no mercado livre (60,5%), atrás apenas da Espanha (100%) e Portugal (95%).
– O Brasil tem a maior redução de preços no mercado livre, comparado ao regulado: 49%. Chile é o segundo com 27%.
– México, Portugal e Espanha possuem fornecedor ou supridor de último recurso, que atendem consumidores que, por alguma razão, ficaram sem atendimento.
– Todos os países têm preços horário.