Itaipu continua jogando dinheiro pela janela
Maurício Corrêa, de Brasília —
Todo mundo sabe que está sobrando dinheiro na Itaipu Binacional. A hidrelétrica simplesmente não tem o que fazer com a dinheirama que entra no seu caixa. Então, a empresa fica inventando moda para gastar o meu dinheiro, o seu dinheiro, o nosso dinheiro, da pior maneira possível. O troço tá feio.
A Itaipu como uma hidrelétrica é espetacular, mas como é uma estatal 100% controlada pela União, a empresa é pródiga em jogar dinheiro fora, em projetos sem qualquer relação com a sua finalidade operacional.
Já injetou grana (muita grana) em aeroporto, rodovias e pontes. No momento, banca o banho de beleza que está sendo aplicado na cidade de Belém (PA), que vai receber uma reunião internacional do interesse do governo brasileiro.
A UHE também financia uns eventos de interesse do ministro Alexandre (Rolando Lero) Silveira, que deita falação sobre transição energética e se acha o máximo da inteligência brasileira.
É verdade que muita gente dorme nesses eventos, mas isso não tem importância. O relevante é que a grana de Itaipu financia tudo.
A nossa gigantesca hidrelétrica binacional também se meteu num projeto pedagógico e decidiu construir uma universidade nas proximidades da usina, para receber estudantes da América Latina. Exemplo clássico da solidariedade latino-americana.
Enfim, ideias brilhantes é que não faltam. Por isso, os políticos de todos os partidos morrem de amores pela Itaipu Binacional (e pela graninha que às vezes costuma irrigar as suas bases partidárias, principalmente no estado do Paraná).
Este editor ficou sabendo agora que Itaipu está envolvida com um novo projeto extraordinário, ideia saída da mente da primeira dama do País, dona Janja. Ela sugeriu e, considerando a relevância, a binacional acatou imediatamente, o projeto das “cozinhas solidárias sustentáveis”. Tudo a ver com a usina hidrelétrica de Itaipu.
O projeto prevê prevê o fornecimento de equipamentos de “cozinha limpa” para o preparo de refeições e a instalação de biodigestores. O equipamento transformará resíduos orgânicos em biogás, que será usado para cozinhar alimentos, promovendo assim um ciclo de uso sustentável.
Ideia super interessante e nada como uma estatal nadando no dinheiro para financiar o projeto idealizado pela dona Janja.
Este editor cumprimenta Itaipu pela beleza do projeto. E aproveita para lembrar que, caso Itaipu e o MME tenham interesse, está disposto a fechar o site Paranoá Energia e assumir uma cadeira de conselheiro da binacional. Aquela graninha que rola todo mês deve dar para bancar a sobrevivência de um editor idoso. Além do mais, o editor reúne credenciais técnicas mais do que suficientes para ser conselheiro da nossa principal hidrelétrica.
Por exemplo: fala um pouco de portunhol e pode perfeitamente se entender com os sócios paraguaios. Também já comprou umas muambas em Ciudad del Leste e, portanto, tem vasta experiência no relacionamento com os irmãos paraguaios, que são sócios da usina.
Além disso, tem uns 30 anos que o editor escreve abobrinhas sobre o setor elétrico. Então, conhece pelo menos o jargão do setor elétrico e com certeza não falta qualificação para o editor ser nomeado conselheiro de Itaipu. Teve um cara que foi nomeado para conselheiro do ONS e não sabe nada sobre energia elétrica. Um pouco de isonomia não faz mal a ninguém.
É verdade que o editor não é filiado a partidos políticos e, portanto, não integra a chamada base de apoio ao governo. Mas isso é fácil. Basta assinar uma ficha partidária e o problema se resolve.
A propósito, este editor gostaria de ser do PSD, o mesmo partido do ministro Alexandre (Rolando Lero) Silveira, pois o PSD é um partido que se identifica como não sendo de centro, de direita ou de esquerda. Ou seja, é o partido ideal para abrigar um editor como este, que também é pobre de ideologias e acha as ideias políticas uma grande bobagem.
Aliás, para mostrar que está muito bem intencionado e disposto a trabalhar duro no Conselho de Itaipu, este editor sugere outros projetos que poderiam ser desenvolvidos com os recursos bancados a fundo perdido pela binacional:
1. Criar uma subsidiária de Itaipu visando a produção de privadas acopladas às máquinas de lavar roupa. Trata-se de um projeto a fundo perdido que se encaixa perfeitamente dentro da ideia de sustentabilidade defendida por Itaipu.
2. Itaipu poderia bancar uma campanha nacional nos meios de comunicação para que as pessoas jamais usem água quente. Todo mundo só usaria água fria, para tomar banho principalmente, pois isto é um luxo desnecessário num país tropical como o Brasil. Se o site Paranoá Energia ainda estiver funcionando, não se esqueçam de colocar uma publicidade da campanha aqui. Jornalista não vive de vento.
3. Ainda dentro do contexto da sustentabilidade, seriam abolidos todos os aparelhos de ar condicionado em uso no País. Embora em algumas regiões às vezes o calor dê o ar da graça, as pessoas precisam entrar no clima de Itaipu e fazer um sacrifício. Bufar durante alguns minutos ao longo do dia não vai matar ninguém.
4. Finalmente, Itaipu também poderia financiar um projeto que certamente vai transformar a realidade do setor automotivo brasileiro. Com o recurso abundante de Itaipu, seria criada uma subsidiária, igualmente estatal, para fabricar motores de veículos movidos a casca de laranja. A estatal teria uma frota nacional de caminhões, recolhendo casca de laranja em bares e botequins que produzem suco, além das indústrias que fabricam o suco em caixinha. Toda essa montanha de casca de laranja seria transportada para a fábrica de motores, ao lado da hidrelétrica, em Foz do Iguaçu e viraria combustível para os motores revolucionários que seriam produzidos pela Itaipu. Trata-se de uma ideia brilhante, que certamente vai contar com a oposição dos produtores de etanol, mas o combustível derivado de casca de laranja seguramente será um sucesso. Aliás, o meio ambiente agradece, pois ter um ar cheirando a laranja deve ser muito melhor do que cheirando a derivados de petróleo. Por isso tem o apoio deste editor.