Neste domingo, as coisas estão normais nas três concessões da Enel no Brasil. Por enquanto.
Maurício Corrêa, de Brasília —
Dentro daquilo que se poderia classificar como “não esquecer que a Enel existe”, este site registra, neste domingo, por volta de 14 horas, números que mostram tranquilidade nas três concessões de distribuição de energia elétrica que a empresa italiana tem no Brasil. A pergunta que se faz é por que a operação da Enel não pode ser sempre assim?
É muito desagradável, para quem acompanha o sistema elétrico brasileiro, ler que nas três áreas de concessão da Enel, como ocorre quase que diariamente, existem 100 mil, 200 mil, 300 mil ou 1 milhão de pessoas sem luz, como acontece com muita frequência e este site está sempre noticiando.
Também é extremamente desagradável observar que os argumentos da Enel são sempre os mesmos: faltou luz porque choveu forte, houve fortes ventos, que derrubaram árvores, as quais jogaram as redes elétricas no chão. E, nessa sequência de casos fortuitos, conforme a argumentação da Enel, consumidores ficaram sem luz.
Qualquer criança de oito anos sabe que essa argumentação da Enel é apenas parcialmente verdadeira, Em regiões mais instáveis, sujeitas a furacões, consumidores não ficam tanto tempo expostos à falta de energia elétrica quanto nas áreas de concessão da Enel no Brasil.
Tá na cara que o tempo é de fato um problema, mas que o problema maior está nos procedimentos operativos da Enel, como concessionária de distribuição de energia elétrica. Seria muito bom se a empresa melhorasse isso aí, viu?, como diria o presidente Temer.
Neste domingo, 16 de fevereiro, a situação está mamão com açúcar para a Enel nas três áreas de concessão, embora tudo possa mudar até o final do dia, pois o calor é intenso em São Paulo e isto poderá significar chuvas fortes no final da tarde ou início da noite e, consequentemente, mais consumidores sem luz. Infelizmente, em São Paulo, chover significa falta de luz.
Em São Paulo, às 13 horas, num total de 8.290.789 unidades consumidoras de energia elétrica, havia apenas 11.225 sem luz, significando 0,14% do total. Na Capital, eram só 7.822 UCs.
No Rio de Janeiro, às 12h50m, num total de 3.118.811 unidades consumidoras, somente 2.273 estavam desconectadas da rede da Enel (0,07% do total). Campos era o município mais afetado em toda a área de concessão, com apenas 664 UCs sem energia elétrica.
E, em todo o estado do Ceará, onde existem 4.060.940 unidades consumidoras atendidas pela Enel, só 4.254 estavam sem luz, às 12h20m, representando 0,10% do total. Fortaleza era o município mais impactado, com 813 UCs sem energia elétrica.
No total, a Enel tem no Brasil cerca de 15,5 milhões de unidades consumidoras atendidas na distribuição de energia elétrica. Obviamente, não é bom que alguém fique sem luz, mas, considerando tantos consumidores, é mais ou menos normal que por razões diversas 17.752 UCs estejam sem energia em algum momento do dia. Isso dá em torno de 50 mil pessoas. Num contexto de aproximadamente 45 milhões de pessoas nas três áreas de concessão, não é tanta gente assim e o número é mais fácil de absorver.
De todo modo, os números mostram que a Enel precisa melhorar os seus processos de trabalho, investir mais na qualificação do seu pessoal técnico, contratar mais eletricistas e agir rápido, muito rápido, quando a rede cair, por qualquer motivo.
Este site, com satisfação, registra que, hoje, tudo corre relativamente bem, até agora, nas três áreas de concessão da Enel e a empresa está de parabéns.
Mas pede que a empresa pare de culpar o vento, a chuva forte ou a queda de árvores, pois ninguém aguenta mais essa desculpa esfarrapada. Vá lá, Enel, quando acontecer, desobstrua as ruas, religue as redes, faça o seu trabalho e simplesmente pare de culpar a natureza. Mais trabalho e menos marketing, por favor.