Governo precisa dar explicações sobre Enel SP
Maurício Corrêa, de Brasília —
Na esteira das matérias praticamente diárias sobre falta de energia elétrica na área de concessão da Enel, em São Paulo, este site sempre recebe de leitores uma perguntinha que não cabe a este editor explicar: diante da clara omissão das autoridades federais (Lula, Silveira, Feitosa) em relação aos problemas de abastecimento na Grande São Paulo não haveria uma mesquinha e silenciosa retaliação de natureza política contra os habitantes da região pelo fato de terem escolhido um prefeito da Oposição para a capital de São Paulo? Coisa do tipo: vocês elegeram o Nunes, agora aguentem firme.
Alguns leitores fazem essa pergunta. Este editor acha que isso é teoria da conspiração, mas também não lhe cabe explicar as razões do Governo. Que há uma clara omissão, o editor não duvida e escreve sobre isto todos os dias. Quem tem que explicar são as autoridades federais.
O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, tem que explicar, por exemplo, o que faz a fiscalização da agência sobre o assunto. Também tem que explicar se já deu uma resposta ao ministro de Minas e Energia a respeito da questão da caducidade da concessão.
O ministro, por sua vez, tem que explicar porque em determinado momento até parece que apoiava a caducidade e, de repente, mudou de ideia e hoje passa um pano na Enel.
E o nosso querido presidente Lula também tem que explicar porque se reuniu com a diretoria da Enel na Itália, na companhia de Silveira.
Enfim, a este editor cabe apenas dizer que a Enel oferece um serviço horroroso de distribuição de energia elétrica na Grande São Paulo e já devia ter perdido a concessão há muito tempo. E que as autoridades federais, por alguma razão que só cabe a elas explicar, têm medo de tomar a atitude radical de cassar a concessão da empresa italiana. Isso é um fato que não se pode negar.
Só para lembrar: como diz a manchete que abriu o site “Paranoá Energia” no dia de hoje, à meia-noite havia na Grande São Paulo cerca de 700 mil pessoas no escuro.