O que o setor elétrico quer de Barbosa
Uma consulta informal feita por este site junto a alguns executivos e empresários do setor elétrico revelou aquilo que já se imaginava: existe uma grande desconfiança em relação ao novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele é visto como o principal mentor da fracassada “nova política econômica”, sem contar que sempre foi um articulador eficiente para as políticas expansionistas da economia, que levaram às dificuldades atuais do Tesouro Nacional e à volta da inflação.
Quanto ao ex-ministro Joaquim Levy, também existe um consenso. Levy sempre foi visto como uma espécie de “estranho no ninho” petista. Tanto que, com a sua visão ortodoxa da gestão da economia, foi motivo de uma aposta. Ganhou um apostador que cravou corretamente que ele não chegava até 31 de dezembro à frente da Pasta da Fazenda. Não faltavam condições de honradez e dedicação ao ex-ministro, naturalmente. Entretanto estava claro que ele não era exatamente um queridinho da máquina do partido majoritário. Juntando a isso uma boa pitada de inabilidade política, o destino de Levy como ministro já estava encaminhado há alguns meses. Era apenas uma questão de tempo.
No setor elétrico, também não se duvida da honorabilidade e dedicação de Nelson Barbosa. Desconfia-se, e muito, da sua visão de mundo. Ao contrário do antecessor, ele entende que não será cortando investimentos que vai se recuperar a economia, que anda de lado há algum tempo. O diabo está em um pequeno detalhe: como estimular uma economia que está em frangalhos já que falta a matéria-prima básica nesse tipo de processo, que é a tal de credibilidade?
Tem um aspecto a respeito do qual todos concordam: pelo menos chegou ao fim uma certa esquizofrenia que caracterizava o Governo Federal, que era ao mesmo tempo ter um ministro da Fazenda contracionista e um ministro do Planejamento expansionista. Agora, com Barbosa na Fazenda pelo menos houve uma unificação do discurso e todo mundo já sabe como será a música
Nelson Barbosa com certeza terá que tomar muitas atitudes para corrigir a desconfiança com a qual é recebido na Fazenda. Não lhe falta competência técnica para ser um bom ministro, pois conhece razoavelmente o funcionamento da máquina pública. O setor elétrico precisa de regras claras, estáveis e uma economia funcionando com razoável equilíbrio para poder acreditar no futuro e tocar seus projetos, que invariavelmente exigem grandes volumes de dinheiro e só oferecem resultados no longo prazo.
Embora desconfiem, no fundo torcem para que o novo ministro consiga aplicar uma política que dê estabilidade ao mundo dos negócios, principalmente em um campo, como o da energia elétrica, que se caracteriza por projetos de longa maturação e no qual não se pode improvisar.