2016: o que esperar de Eduardo Braga no MME
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tirou 15 dias para descansar, voltando à batalha no dia 11 de janeiro. Absolutamente justo. Só quem já trabalhou na estrutura de um ministério sabe o que significa ocupar o gabinete de ministro. É pauleira pura, numa jornada meio alucinada, que começa de manhã cedo e vai até tarde da noite, engolindo finais de semana e feriados, com a família na maior parte do tempo escanteada. É preciso gostar muito da vida política para suportar a carga de trabalho. O ministro Braga aparentemente gosta desse tipo de atividade, até porque se iniciou muito jovem no mundo político, aos 21 anos, como vereador em Manaus, e já está vacinado.
Embora tenha se graduado em Engenharia Elétrica, pode-se dizer, sem medo de errar, que ele passou o primeiro ano à frente da Pasta aprendendo sobre o setor elétrico brasileiro. Com certeza, já formou um juízo de valor. Até agora, pegou o bonde andando e simplesmente vinha dando continuidade ao que já encontrou no MME. Mas, agora, ele tem a faca e o queijo na mão para imprimir a sua própria marca na história do MME, que poderá simplesmente ser a de um político apenas interessado na próxima eleição ou então a de alguém que virou o MME pelo avesso, espanou a poeira e se preocupou com a busca de mais eficiência.
O ministro Braga faz mais o gênero do trator, embora em público seja habitualmente ponderado e educado. O MME estava mesmo precisando de um trator, para tirar a Pasta de uma letargia de muitos anos, pois a burocracia tomou conta e deu um chega prá lá na criatividade.
Em seu período de descanso, o ministro poderia fazer uma reflexão a respeito do que se pode fazer no MME, no meio de tantas restrições orçamentárias que atingem o Governo Federal. Este site toma a liberdade de oferecer uma ideia ao ministro, que pode tornar o MME mais pé no chão quanto à realidade do setor elétrico brasileiro.
Possuidor de bom faro político, Eduardo Braga já deve ter percebido que não dá para tocar o MME apenas remendando coisas, alterando uma lei aqui, outra ali, e tocando o setor na base de medidas provisórias, como fizeram os seus antecessores mais recentes.
Também já observou que o setor elétrico merece cuidados especiais, que não são compatíveis com o improviso, razão pela qual é preciso melhorar a qualidade do planejamento setorial.
Nesse contexto de reflexões que certamente serão feitas pelo ministro em algum momento de suas férias, ele deverá pensar em como dar uma boa chacoalhada no MME, para deixar de ficar apenas correndo atrás do prejuízo. Ele poderia, por exemplo, chamar as associações empresariais do setor elétrico, nas pessoas dos seus presidentes, para uma reunião a se realizar logo após o Carnaval, quando cada segmento já lhe entregaria uma síntese historiando o que prejudica o desenvolvimento de cada setor. Mas a iniciativa do ministro não terminaria aí, pois isto seria apenas o início do projeto.
Neste caso, o secretário-executivo do MME, Luiz Eduardo Barata, que é um técnico que tem boa interlocução com as associações empresariais, poderia coordenar um grupo de trabalho misto (Governo e empresas) cuja missão seria debulhar com rapidez as demandas associativas, de modo que, em poucas semanas, o ministro já poderia vir a público para dizer que serão feitas tais, tais e tais mudanças no sistema elétrico, para torná-lo mais eficiente e competitivo. É um “tour de force” que tem tudo para dar certo, até porque estaria amparado na palavra-chave chamada “diálogo”.
Ninguém estará inventando a roda. Isso já foi efetuado com sucesso em outros momentos. Com isto, o ministro Eduardo Braga poderá deixar a sua marca na história do MME. Embora a decisão seja de responsabilidade do ministro, o fato é que o relógio corre contra ele, pois é legítimo que ele tenha ainda interesses na carreira política. Braga é um político relativamente jovem e em pouco tempo precisará se afastar da Pasta para seguir em frente. Portanto, se trata apenas de uma decisão política e cabe apenas ao ministro tomá-la, para modernizar e mudar o contexto do setor elétrico brasileiro.