Façam o jogo, senhores
O país está em compasso de espera em relação à decisão de se abrir ou não processo de impeachment contra a presidente da República. A aprovação, pela comissão processante, do parecer apresentado pelo relator, Jovair Arantes, abre caminho para o início do processo, mas o fato é que não será impossível, mas também não será fácil, para a oposição, encontrar 342 votos no dia da votação pelo plenário da Câmara dos Deputados, permitindo que o assunto seja transferido para o Senado Federal, que terá a missão difícil de abreviar ou não o mandato presidencial.
O fato mais positivo em todo o processo, até agora, é que, nos próximos dias, já se conhecerá o resultado do plenário da Câmara dos Deputados. E, qualquer que seja ele, permitirá que o país volte a se preocupar mais com as atividades produtivas. O ministro Jacques Wagner já declarou que, saindo vencedora, a presidente Dilma Rousseff fará uma espécie de repactuação do poder político, visando a definir um caminho para a economia, que está completamente sem rumo. O vice-presidente Michel Temer, que poderá assumir no lugar da presidente, também já antecipou que buscará uma espécie de governo de união nacional para tirar o país do atoleiro. Se eles conseguirão atingir seus objetivos é apenas um pequeno detalhe da História.
Até institucionalmente, a crise política-econômica tem provocado consequências jamais vistas em tempo algum na história deste País. O Sr. Eduardo Braga, por exemplo, é e não é, ao mesmo tempo, ministro de Minas e Energia. É ministro pois é assim que está escrito no site do Ministério de Minas e Energia. Ele vai ao prédio do ministério, assina documentos, participa de algumas reuniões (poucas), recebe autoridades (poucas) e até fala com jornalistas (muito raramente).
O fato concreto é que ele praticamente abdicou de suas atividades, botou o pé no freio no seu trabalho, e, embora nesta terça-feira, 12 de abril, tenha recebido o governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho, a sua agenda tem indicado, nas últimas semanas, quase sempre apenas “despachos internos”, enquanto o secretário-executivo Luiz Eduardo Barata assumiu a tarefa de tocar o MME no dia a dia.
Tudo isso é um tanto incompreensível, principalmente porque o trabalho do ministro Eduardo Braga é bem avaliado pelos agentes do setor elétrico, que gostam da forma objetiva como ele trabalha, ao mesmo tempo em que é uma pessoa que valoriza o diálogo e restabeleceu em boas bases os entendimentos com os agentes dos diversos segmentos que constituem o setor elétrico.
Os agentes também compreendem, como um diretor de associação definiu para este site, que “o ministro f0i abatido em pleno vôo pelas circunstâncias da política partidária, o que é profundamente lamentável, pois ele vinha fazendo um bom trabalho. A crise política foi uma espécie de míssil, que acabou fazendo um buraco na fuselagem do avião do MME”.
Com a economia real em ruínas e com a vida institucional virada pelo avesso, pois a única coisa que importa é o impeachment ou não da presidente da República, percebe-se que, nesse contexto, a decisão da comissão processante da Câmara dos Deputados foi um avanço, sem entrar no mérito de quem ganhou ou quem perdeu. Dentro de poucos dias, será possível saber se a oposição conseguiu o número mágico dos 342 votos ou se a situação é que ganhou a parada. Então, será possível vislumbrar algum fiapo de luz no fim do túnel, pois é exatamente isto que todo mundo quer ver.