Um ano de existência do “Paranoá Energia”
Este site está completando um ano de existência. Considerando a confusão em que o País tem vivido nesse período, com troca de governo, economia aos pedaços e a elite política assustada todos os dias com a possibilidade de acordar atrás das grades, pode-se considerar que é um verdadeiro milagre sobreviver um ano. Tem sido um milagre, porém aconteceu:: o “Paranoá Energia” já tem um ano de existência.
Não tem sido fácil para qualquer empresa, independentemente do porte, operar no Brasil. Mesmo assim, graças ao apoio dos seus patrocinadores, que acreditam no projeto, o “Paranoá Energia” segue em frente.
Nesses 12 meses aconteceram muitas coisas. Não se pode desconhecer a importância fundamental que houve na qualidade do ambiente na área de energia, com a troca de governo. Saiu uma equipe que trabalhava na base do autoritarismo e que acreditava que era dona da verdade e entrou uma equipe mais pé no chão, que tem dado demonstrações sucessivas de abertura para o diálogo.
Parece que não é nada, mas é uma diferença brutal. Assim é que, por exemplo, já foram lançadas as bases para a busca de um novo modelo do setor elétrico brasileiro. A Petrobras, um grande símbolo para os brasileiros, tem sido administrada de forma discreta e eficiente. Saiu das páginas policiais e voltou ao noticiário econômico, o que já é grande coisa. A Eletrobras está passando por mudanças internas relevantes, que darão à empresa uma nova dinâmica depois de vários anos de imobilismo e inteira submissão às vontades do mundo político de Brasília.
Tudo o que o empresariado desejava, que basicamente era um diálogo de alto nível, está acontecendo e ninguém pode negar. Discute-se em profundidade a ampliação do mercado livre de energia e o relançamento do mercado de gás natural. Distribuidoras absolutamente ineficientes que estavam sob controle da Eletrobras estão sendo privatizadas e a primeira delas já foi vendida, o que representa um excelente sinal.
Também é verdade que ainda permanecem situações típicas dos anos petistas, como a falta de transparência em decisões do ONS, o que acaba impactando o mercado e causa insegurança aos agentes. Há poucos dias, um funcionário altamente qualificado do MME reconheceu ao editor deste site que, durante algum tempo, será necessário conviver com situações como essas do ONS, pois é absolutamente impossível efetuar todas as mudanças ao mesmo tempo. A governança do ONS, segundo a mesma fonte, receberá um tratamento adequado dentro de pouco tempo.
O argumento é válido. Afinal, foram longos anos de gestão petista e não é fácil desmontar uma estrutura autoritária de um dia para outro, pois, como diz o ditado, o cachimbo faz a boca torta. Poucas pessoas se dão conta de mudanças significativas para o setor elétrico que ocorreram na gestão atual, pois são coisas que não dizem respeito ao grande público.
Entretanto, foi antológica a decisão de proibir à Eletrobras participar de reuniões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), algo que constituía um enorme conflito de interesses e que era totalmente tolerado pela gestão petista como se fosse a coisa mais normal do mundo. Também foi histórico o discreto corte das asas do ONS, que era quem verdadeiramente mandava no MME nos últimos anos do incompetente Governo Dilma. Na prática, o CMSE era uma espécie de biombo para esconder o verdadeiro poder do ONS, que, por sua vez, era a expressão da vontade da Senhora Presidente.
O “Paranoá Energia” surgiu quando o governo petista já estava com um pé na cova. Então, tem sido testemunha das mudanças que estão ocorrendo. O Governo Temer é uma espécie de caos no meio do caos, pois de fato herdou uma situação nunca antes vista na História deste País e que representa a verdadeira herança maldita.
Contudo, no meio da confusão atual, uma área que segue relativamente bem, onde as coisas estão sendo reconstruídas com certa segurança e com boas expectativas, é justamente o campo da energia. Não dá Ibope, mas parece ser o melhor retrato que o Governo Temer pode oferecer. Se outras áreas do Governo Temer estivessem sendo conduzidas como o campo da energia, é possível que a taxa de pessimismo dos brasileiros seria bem menor.
Nesse contexto, é importante para a área de energia contar com veículos de comunicação que possam mostrar a diversidade de opiniões, pois este é o fator que enriquece o processo democrático. Não existe democracia sem pluralismo. Aparentemente, nem os próprios dirigentes do MME — que têm uma visão liberal da política — estão preocupados com a unanimidade.
Muitos agentes infelizmente parecem ser mais realistas do que o rei e ainda não têm essa percepção. Às vezes, de forma até meio infantil, se assustam com alguma coisa que aparece neste site. Essas pessoas aparentemente se acostumaram com o longo período do petismo, quando achavam que era perigoso discordar devido aos riscos empresariais. E todo mundo ficava caladinho, sofrendo, temendo os humores da Dona Dilma como se ela fosse um bicho papão e não apenas uma senhora autoritária e sem educação.
É bom lembrar que o jornalismo é assim mesmo. Cutucar a onça com a vara curta, com responsabilidade, é como água benta e caldo de galinha: não faz mal a ninguém. Por isso, este site entende que vale a pena continuar insistindo na proposta editorial que levou à sua criação, em dezembro de 2015. E vamos em frente, até quando for possível sobreviver no meio da crise atual.