Abraceel decide sobre PLD em janeiro
Como todo mundo está chegando altamente estressado a este final de 2016, não apenas com a crise geral da economia, mas, também, com as incertezas geradas pela decisão da Aneel de republicar o PLD, a associação dos comercializadores, a Abraceel, tomou a atitude mais pragmática, aproveitando que as pessoas já estão no ritmo do Natal.
Jogou para uma ampla reunião a se realizar na cidade de São Paulo, no dia 10 de janeiro, a discussão sobre o que fazer em relação ao PLD. Não será exatamente uma assembléia de associados, mas é como se fosse.
Na verdade, haverá uma reunião do Conselho de Administração — a quem estatutariamente cabe a atribuição de decidir sobre eventuais ações judiciais — e o evento será totalmente aberto à participação das empresas associadas, que poderão se manifestar sobre o tema.
A questão da republicação é extremamente delicada dentro da Abraceel, mas esta não é a única associação impactada pela decisão da Aneel. Outras associações empresariais do setor elétrico também o são, só que a maioria delas já entrou no espírito de Natal e, como acontece todos os anos, nesta época, os dirigentes tiram uns dias para descansar um pouco, principalmente porque, diante de tantos problemas, 2016 parece ser um ano mais longo do que os demais.
A governança da Abraceel também é diferente das outras associações. No caso da associação dos comercializadores, os conselheiros — que são eleitos pelo voto direto dos associados — são permanentemente acionados pelas empresas vinculadas à associação nos dois anos de duração do mandato. Nesse sentido, não faz muita diferença se o debate sobre o PLD está pegando fogo apenas quatro dias antes do Natal.
E é exatamente isso que faz a diferença no momento, pois os conselheiros da Abraceel, quando olham para a questão da republicação, na realidade tentam enxergar simultaneamente três situações: 1. A republicação propriamente dita e seus impactos no mercado livre; 2. Como a republicação reverbera nas suas respectivas empresas; 3. Dependendo da atitude a ser tomada pelo conselheiro, qual a eventual conseqüência que isso poderá ter, no primeiro trimestre de 2017, considerando que haverá eleição para o Conselho da Abraceel. Pelo conjunto de situações, está claro que não é fácil tomar uma decisão.
Este site apurou que dos oito atuais conselheiros da Abraceel, três são abertamente favoráveis à republicação; quatro são contra. Um está em cima do muro: pessoalmente diz que é contra, mas que se curva à opinião da empresa da qual é executivo, que é favorável à republicação do PLD. Como obedece quem tem juízo, esse conselheiro provavelmente votará a favor da posição da empresa, o que é compreensível.
Então, uma eventual votação estaria empatada em quatro a quatro dentro do Conselho da Abraceel. Como o Estatuto Social diz que cabe ao presidente o voto de Minerva, o desempate então seria a favor da republicação, pois esta é a opinião de Oderval Duarte, da comercializadora BTG, que preside o Conselho.
Oderval é um presidente ponderado, que tenta apaziguar as diversas tendências, mas, neste caso, a sua situação é reconhecidamente difícil. Ele ainda não disse se será ou não candidato à reeleição para o Conselho e se será ou não candidato novamente à Presidência do Conselho.
Para vários associados ouvidos por este site o futuro do executivo da comercializadora BTG dentro do Conselho está condicionado à decisão que será tomada em relação ao PLD. Se ele votar contra os interesses da base de associados, é possível que não tenha mais futuro, em termos de liderança, dentro da associação. Pelo menos é o que se diz hoje, situação que por várias circunstâncias poderá se alterar nas próximas semanas, até a eleição.
Como a questão eleitoral já está contaminada pelo problema da republicação do PLD, tudo indica que nos próximos dois meses, dentro do ambiente da Abraceel, haverá faca voando para todos os lados. Nesta quarta, 21 de dezembro, conversando informalmente com este site, o diretor de uma comercializadora classificada como independente já deu a senha para o que vai acontecer na eleição.
“Somos a maioria no quadro de associados. Temos condição para eleger quem a gente quiser. Então, não adianta votar contra os nossos interesses e, lá no final de fevereiro ou início de março (a data da eleição ainda não foi marcada), pedir o nosso apoio. Já começamos a conversar entre nós e o processo eleitoral em 2017 com certeza será diferente dos demais”, afirmou o comercializador.