Tiradentes e a liberdade de mercado
Uma das maiores comercializadoras do País, a Tradener, aproveitou o feriado nacional desta sexta-feira, 21 de abril, para distribuir uma criativa peça de marketing tendo como inspiração o herói nacional Tiradentes.
“Tiradentes lutou por um país livre. A Tradener luta pela energia livre para todos”, diz o material publicitário preparado pela empresa, explicando que “a luta dramática de Tiradentes trouxe inspiração ao nosso povo”.
“Na Tradener, nós lutamos pela liberdade no mercado de energia. Para nós, a diversidade é melhor que a hegemonia. O direito à escolha, melhor que o monopólio. Buscar esse equilíbrio é a nossa missão. E quem ganha com isso é o consumidor brasileiro”, assinala a comercializadora.
Primeira comercializadora do País, atuando nas áreas de energia elétrica e gás natural, a Tradener, há muito tempo, se preocupa com as restrições que existem no Brasil, onde sempre se arruma um motivo adicional para impedir que o mercado livre de energia se amplie e beneficie um maior número de consumidores.
Na verdade, o que parece existir, no Brasil, é uma mistura de incompetência, comodismo e falta de visão e empenho. Quando se fala em liberdade de mercado na área de energia, sempre surge alguém com excesso de cautela: “Temos que pensar em como harmonizar os interesses”, etc, etc. Blá-blá-blá puro. Isso também existiu nos outros países onde o mercado foi escancarado. Nesses lugares, a questão sobre como compatibilizar os interesses dos agentes foi resolvida e tudo funciona muito bem. Só não consegue se explicar porque no Brasil seria diferente.
Várias pesquisas feitas com os consumidores já demonstraram que eles apreciam a competição. Quem não gostaria de ter a oportunidade de escolher qualquer produto, pagando o menor preço? Mas, na energia elétrica não pode. Quando se argumenta que o consumidor de telecomunicações exerce a opção da liberdade de mercado há praticamente 20 anos, contrapõe-se que “ah, nas telecomunicações é diferente”, como se todos nós, consumidores, fôssemos um bando de idiotas.
O que os iluminados do setor elétrico temem é perder o controle sobre o carimbo, que é a razão de ser da burocracia, do poder. Embora tenha se modernizado a partir de meados dos anos 90, o setor elétrico brasileiro continua operando com estruturas pesadas e caras, que ainda refletem a forma como se trabalhava há 50 anos atrás. Houve um verniz de modernização, mas ficou por aí. Na essência, não mudou muita coisa. O mercado livre de energia elétrica, por exemplo, patina em 25%, pois os gênios impedem a sua expansão.
Uma coisa é o belo discurso que se faz. Outra coisa é ter a coragem cívica de reduzir o tamanho da burocracia, o que torna inacreditáveis as estruturas que têm, hoje, a Aneel, a CCEE, o ONS e a EPE, sem contar o MME, que, com a sua ineficiência histórica, continua admirando aquilo que mais aprecia, que são os tapetes vermelhos e estatais deficitárias. Qualquer pessoa medianamente inteligente percebe com facilidade que a área institucional da energia elétrica, no Brasil, tem muito cacique para pouco índio. O consumidor, que paga a conta de tudo isso, é apenas um mero detalhe.
Este site também acredita que a figura de Tiradentes pode contribuir para uma boa reflexão sobre o mercado de energia, associando-se o raciocínio à bandeira do estado de Minas Gerais, inspirada nos ideais dos inconfidentes mineiros. “Libertas quae sera tamen”: “Liberdade ainda que tardia” é o que está escrito na bandeira. Também vale para o mercado de energia.