Coelho Filho tem futuro no MME?
Se o momento atual do Governo Temer é extraordinariamente confuso, o do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, não é muito diferente.
O ministro foi uma escolha pessoal do presidente Michel Temer, sem qualquer vinculação com eventual apoio partidário do PSB. Apesar disso, ninguém pode esquecer que ele é um filiado ao PSB.
Na semana passada, quando o Governo Temer começou a deslizar para as profundezas abissais do mundo político, o PSB deu um chega prá lá no ministro de Minas e Energia e exigiu que ele saísse do Governo.
O ministro deixou passar um tempo, ponderou a situação, e divulgou uma nota oficial, no dia 23 de maio, terça-feira, peitando o seu partido e definindo que ia permanecer no Governo, por uma questão de lealdade ao presidente da República. Foi uma decisão politicamente corajosa.
Formalmente, este site fez um contato por escrito com a Executiva Nacional do PSB e perguntou o que iria acontecer com o ministro, em termos partidários, depois dessa magnífica peitada na Executiva Nacional. Sequer houve uma resposta, o que mostra muito bem que o PSB também não sabe o que fazer com o seu filiado rebelde.
O ministro está tocando o seu trabalho à frente do MME da forma como é possível, se esforçando para dar um ar de normalidade à sua situação particular, que, aliás, é absolutamente anormal.
Este site conversou com especialistas em PSB dentro do Congresso e observou que o problema partidário gerado pela opção do ministro Fernando Bezerra Coelho Filho provocou, no mínimo, um enorme constrangimento dentro do seu Partido.
Uma parte significativa da Executiva Nacional simplesmente quer expulsar o ministro do PSB. A bronca da Executiva com o titular do MME não se restringe, aliás, apenas ao seu “fico” no ministério. Antes disso, o PSB já estava uma arara com Coelho Filho, que tem mandato parlamentar e oferece apoio às reformas trabalhista e da Previdência, contrariando o posicionamento do Partido.
Não é fácil para o PSB tomar uma decisão a respeito do ministro. Afinal, o PSB foi praticamente reconstruído em Pernambuco, primeiro sob o comando do governador Miguel Arraes, depois sob a liderança do seu neto, Eduardo Campos. Hoje, o PSB é um partido bastante forte na Câmara dos Deputados, com 36 mandatos, sendo que quatro parlamentares estão licenciados. No Senado Federal, são sete congressistas com mandato, inclusive o pai do ministro, senador Fernando Bezerra Coelho.
Embora tenha irrestrito apoio na área empresarial, que a cada dia faz uma romaria ao MME para hipotecar solidariedade ao ministro, o fato concreto é que, no mundo político, não se aposta muitas fichas na permanência de Coelho Filho à frente do MME.
Afinal, a sua lealdade está sendo demonstrada ao presidente Temer, que ao que tudo indica está com os dias contados no Palácio do Planalto. É verdade que está sendo costurada uma eleição indireta para suceder Temer e nessa difícil negociação estão ativos o PMDB, o Democratas e o PSDB, embora existam aqueles que digam que, de forma discreta, Lula também se articula com esses três partidos, embora a militância do PT esteja nas ruas pedindo eleição direta já para a Presidência da República.
Argumenta-se que Coelho Filho precisará de muita habilidade política para continuar no MME, depois de jurar lealdade a Temer, que está sendo defenestrado do Poder pelos três principais partidos da chamada base aliada.
Na visão deste site, o atual titular do MME, embora tenha chegado ao ministério com um conhecimento praticamente igual a zero a respeito da Pasta, nestes 12 meses de gestão tem demonstrado habilidade e sensatez. Constituiu uma equipe técnica respeitada e competente, que executa a sua missão com eficiência. Este tem sido o grande mérito do jovem ministro: não atrapalha ninguém e confia no seu pessoal, exatamente o que se espera de um ministro político à frente de uma Pasta técnica.
É por isso que a área empresarial tem se preocupado tanto com uma eventual saída do ministro, pois isso poderá ter consequências diretas na condução do trabalho técnico do ministério e várias propostas de modernização do setor energético, que estão em andamento, simplesmente poderão ficar engavetadas, dependendo de quem for indicado após a saída de Temer.
Na gestão atual do MME, o Brasil tem recuperado rapidamente o tempo perdido com a longa gestão do PT à frente do ministério e a paralisia e o atraso estão sendo substituídos por decisões relativamente rápidas e compatíveis com as necessidades do País, seja em petróleo, gás natural, energia elétrica, renováveis ou combustíveis.
Embora seja uma Pasta com menos visibilidade do que outras, seguramente o MME foi uma das áreas de melhor rendimento durante os 12 meses da gestão Temer.
Resta esperar, portanto, para ver como ficará a situação do atual ministro e como ele vai se entender com o seu Partido e o nome que vier a suceder o presidente Temer no Palácio do Planalto.