29/05: dia mundial da energia
Nesta segunda-feira, em um evento que será realizado em Belém (PA), o Sistema OCB do estado fará o lançamento de uma agenda mínima através da qual se compromete a cumprir diversas ações para a difusão das energias renováveis, seguindo as diretrizes fixadas pela Organização das Nações Unidas. Raphael Vale, presidente da Cooperativa de Energia Renovável (Coober) fará um balanço sobre as operações da usina solar de Paragominas, que é a primeira implantada no Brasil na modalidade de cooperativa. O encontro programado para Belém é a forma encontrada pelo Sistema OCB do Pará de comemorar o “Dia Mundial da Energia”, que se celebra em 29 de maio.
Espera-se que o evento programado pela OCB/PA possa ser copiado por outras organizações e empresas. O Brasil não está mal na foto quando o assunto é energia. Mesmo assim, é necessário reforçar todos os argumentos adequados para que o País possa não apenas manter as condições atuais que dispõe na parte energética, como avançar nas áreas em que isso for possível. Todo cuidado é pouco.
Tome-se como exemplo o papelão que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acaba de fazer na reunião do G-7, quando o governo americano se recusou a se comprometer com o Acordo de Paris para a redução de emissões de dióxido de carbono. A infeliz decisão de Trump, que tem se mostrado um modelo de presidente trapalhão, inclusive vai na direção oposta daquilo que pensa e deseja parte significativa da sociedade americana, a qual é mais civilizada do que o seu presidente e está devidamente antenada com a necessidade de se proteger o meio ambiente.
Como mostrou a OCB/PA na apresentação do evento em Belém, todas as principais questões do futuro estão de alguma forma vinculadas ao abastecimento de energia, o que chama a atenção para o fato que é preciso abandonar o modelo atual e progressivamente investir em um novo modelo que seja sustentável e lastreado em formatos renováveis e na busca constante pela eficiência energética.
A nossa matriz é bastante positiva nesse aspecto, mas está claro que ainda há muito espaço para expansão das energias renováveis no Brasil, principalmente as fontes solar e eólica. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que o número de interessados em fontes renováveis de energia cresceu consideravelmente nos últimos anos. Em 2015, havia apenas 568 conexões em geração distribuída, referentes aos consumidores que produzem a própria energia. Em 2016, o número cresceu para 2.768 conexões e, até março de 2017, já existiam mais de 10 mil empreendimentos. É um avanço considerável, mas ainda é muito pouco. Mesmo em um estado como o Pará, por exemplo, de onde vem o belo exemplo de comemoração do “Dia Mundial da Energia”, existem apenas 70 conexões. De modo geral, em todo o Brasil, a geração distribuída ainda é apenas um traço estatístico.
O desejo dos consumidores é naturalmente soberano, mas o modelo da Coober, que está dando muito certo na cidade de Paragominas, pode ser uma outra forma de se ver a questão, pois está mais do que óbvio que o modelo cooperativo de implantação de uma usina solar pode ser muito adequado tanto para consumidores residenciais quanto para as empresas.
No ano passado, o Pará concebeu a primeira cooperativa de energia renovável, a Coober. Localizada em Paragominas, a cooperativa inaugurou uma micro-usina de energia solar fotovoltaica com capacidade de 75 KWp, potência que deve ser ampliada em breve. Foram investidos R$ 600 mil no empreendimento, valor dividido entre os 22 associados. O espaço físico da micro-usina reúne 288 placas fotovoltaicas que possuem capacidade de produção média de 10.000 KW/h por mês. Toda energia é injetada no sistema da rede Celpa e o resultado é descontado diretamente na conta de energia dos cooperados. A média de redução da conta dos cooperados foi de 73,91%.
“Sentimos a necessidade e executamos esse projeto que faz uma diferença enorme tanto para o meio ambiente quanto para o nosso bolso. Deixamos de ser apenas consumidores. Decidimos nos unir em formato de cooperativa e, juntos, se tornou mais fácil atingir nossa meta. Hoje somos prossumidores. Produzimos e consumimos nossa própria energia”, explica Raphael Vale, que é presidente da Coober e representante do ramo no Sistema OCB/PA.
A celebração do Dia Mundial da Energia ocorrerá na sede da cooperativa Sicredi Belém, que é uma referência em empreendimento sustentável. Foi o primeiro modelo implantado em Belém. No terraço do edifício, um conjunto de 204 placas fotovoltaicas faz a captação da energia solar correspondente a 55% do total da energia consumida. A cooperativa procura ampliar a geração para 100% do consumo. Além da energia fotovoltaica, o prédio é iluminado exclusivamente com lâmpadas de led, o que representa uma economia de mais de 70% da energia e uma garantia de maior durabilidade. Quatro cisternas de 8.500 litros compõem o sistema de captação da água da chuva, onde são reaproveitados 34 mil litros de água, volume suficiente para abastecer cinco vezes a capacidade de consumo do edifício.
“Nossa intenção é promover a democratização das energias renováveis, a partir da parceria que a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estabeleceu com a ONU. É um momento importante e propício para tal, posto que a sociedade começa a compreender o quanto a dependência de combustíveis fósseis é prejudicial para o meio ambiente. É preciso descarbonizar nossa energia, valorizando outras fontes que, no nosso Estado, são extremamente abundantes. O calor diário que o paraense sente pode reverter-se em energia e até em dinheiro, quando se tem compensação na conta de energia”, explica o presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol.
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Fonte: Ascom Sistema OCB/SESCOOP-PA – Wesley Santos