Hora de melhorar o Congresso
A recente votação na Câmara dos Deputados, negando, pela segunda vez, uma oportunidade para que o presidente da República, apesar das fortes evidências mostradas na denúncia, fosse investigado pelo STF, revela claramente que a principal missão para os eleitores, em 2018, talvez nem seja escolher o sucessor de Michel Temer, mas, sim, fazer uma limpeza no Congresso Nacional e melhorar a qualidade do trabalho parlamentar.
O Congresso, aliás, tem sido uma sucessão de más notícias, considerando que as duas decisões sobre o presidente Temer foram intercaladas por uma que escandalosamente livrou o senador Aécio Neves de uma punição pelo Supremo. Puro espírito de corpo, como se o senador Aécio estivesse acima dos demais mortais.
Todo mundo se lembra do festival de baixaria e da verdadeira palhaçada que foi a sessão que destituiu a presidente Dilma Rousseff do mandato. Embora o resultado final tenha sido importante para o País, pois o preço a se pagar com a permanência da confusa e incompetente ex-presidente no cargo seria uma espécie de transformação do Brasil em uma Venezuela, o fato concreto é que é impossível esquecer o baixo nível que caracterizou aquela votação, sem um pingo de seriedade. É provável que até mesmo um palhaço profissional, como o deputado Tiririca, tenha se espantado com a realidade que encontrou entre seus pares.
O Senado não ficou atrás, com a demonstração de espírito de corpo, ao proteger o presidente nacional licenciado do PSDB, senador Aécio Neves.
Como o STF também faz a sua contribuição à falta de seriedade e simplesmente engavetou os processos envolvendo congressistas na Operação Lava Jato, ou seja, a turma do foro privilegiado, está claro que a principal tarefa a ser exercida pela cidadania, agora, é tentar eleger congressistas de melhor nível em 2018.
Este site entende que, embora não sejam muitos, há congressistas sérios e responsáveis em vários partidos, da mesma forma que existem parlamentares corruptos, incompetentes ou voltados exclusivamente para interesses pessoais em praticamente todos os partidos.
É verdade que a escolha é responsabilidade do eleitor. Portanto, quando se elege um Congresso carregado de gente do baixo clero, como o atual, a culpa é de quem exerce o direito constitucional de indicar nas urnas os nomes que vão compor a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal. É uma situação com a qual o sistema democrático precisa conviver, pois o oposto disso é a ditadura, considerando que, afinal, é melhor ter um Congresso ruim do que nenhum Congresso.
Uma aguda percepção sobre a baixa qualidade dos nomes que compõem as duas Casas do Congresso só ocorre quando há uma eleição que exige a votação nominal. Dá até medo pensar nos nomes de alguns parlamentares. É neste exato momento que se fica pensando como o eleitor médio brasileiro pode ser ruim assim, enviando para Brasília congressistas de nível tão primário.
Nomes que na melhor das hipóteses poderiam talvez integrar uma Câmara de Vereadores são alçados aos papéis de senador ou deputado federal, pois essa é a vontade popular. Simplesmente lamentável, mas é preciso respeitar a vontade popular.
Bom, também pode se dizer que o privilégio de escolher o pior não é dos brasileiros, pois está aí o idiota do presidente Trump, que não nos deixa mentir. Não é sem motivos que o “establishment” praticamente “encostou” o preparadíssimo general John Kelly em Trump, como chefe da equipe da Casa Branca, antes que ele cometa a asneira de querer seriamente jogar uma bomba nuclear em alguém.
Voltando ao Brasil, falta menos de um ano para a eleição de 2018. Não adianta ficar reclamando, hoje, que o STF não faz nada contra a turma do foro privilegiado. Há que se reclamar também de quem escolhe esses congressistas de tão baixo nível. Portanto, a próxima eleição será o momento adequado para se escolher alguém que não só esteja à altura da Presidência da República, mas, também, de tentar melhorar o nível dos congressistas e de quem os elege.