Aleluia e Fábio Garcia em baixa
O setor elétrico está sem saber direito o que fazer, em termos de interlocução na Câmara dos Deputados. Afinal, nos últimos anos jogou todas as fichas nos deputados Fábio Garcia (MT) e José Carlos Aleluia (BA), ambos do Democrata. Garcia era o primeiro amigo do ex-ministro Fernando Coelho Filho, na Câmara dos Deputados. Aleluia é o influente relator da proposta de privatização do Sistema Eletrobras.
Os dois parlamentares têm excelente conhecimento sobre o setor elétrico e são mais do que qualificados. Conversam com naturalidade sobre o SEB e não é preciso gastar muita saliva para que entendam as questões tecnicamente mais complexas dessa área. Acontece que as nuvens mudaram de uma forma que não era exatamente aquela que se pensava. E agora a situação está em compasso de espera para se ver como é possível evoluir.
Garcia é o relator do PL 1917, de 2015, que prevê a portabilidade da conta de luz, uma reivindicação que tem sido feita pelos operadores do mercado livre. Já no final da gestão de Coelho Filho, ficou acertado que o Governo anexaria o seu anteprojeto de reforma do modelo do setor elétrico ao PL 1917, cuja tramitação está mais avançada. Com isso, corretamente, achava-se que seria possível ganhar tempo. Era um bom arranjo, pois o anteprojeto do novo modelo — se não abre perspectiva para uma abertura total do mercado, oferece um cronograma de acesso que é bastante razoável e deixa os operadores do mercado satisfeitos.
Aleluia já era do DEM e lá ficou. Fábio Garcia, que estava sem partido, fez as malas e também se inscreveu no DEM, da mesma forma que Fernando Coelho Filho. A estratégia consistia em se colocar Paulo Pedrosa como novo ministro de Minas e Energia e assim haveria entendimentos relativamente fáceis com o presidente Rodrigo Maia, que é do DEM, para dar suporte político à tramitação dos projetos do novo modelo e da privatização da Eletrobras (neste caso, o relator é Aleluia).
Não deu nada certo. Pedrosa não virou novo ministro e pediu demissão do MME. Para o lugar de Coelho Filho foi Moreira Franco, que é do MDB. Ele é de outra turma e tem outras prioridades, além de ser um nome que não conta com muita simpatia dentro do Congresso Nacional. Embora ele e Rodrigo Maia sejam aparentados, na política fluminense eles jogam em times opostos e um não vai colocar azeitona na empada do outro.
A situação agora é a seguinte: Aleluia, Fábio Garcia e Coelho Filho estão no DEM e jogam no time de Maia. Só que a interlocução deles com Moreira Franco não é das melhores, embora Coelho Filho esteja se esforçando para aparar as arestas, nos últimos dias, até para não ser testemunha da perda de grande parte do seu trabalho feito na época do MME.
Por isso, os dirigentes do setor elétrico estão preocupados e dando um pouco de tempo ao tempo para ver o que fazer dentro do Legislativo, pois, de repente, todo o esforço feito nos últimos anos pode estar indo para o ralo, por causa da falta de entendimento entre as lideranças partidárias.