Bolsonaro, o SEB e os chineses
A primeira decisão tomada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro em relação à área de Minas e Energia foi absolutamente correta. Não tinha mesmo qualquer sentido operacional unificar as áreas de Minas e Energia dentro de um mesmo Ministério de Infra-Estrutura, juntando-se a energia elétrica, petróleo e gás natural aos segmentos que cuidam das estradas, portos e aeroportos.
Havia uma forte pressão dentro da própria equipe do novo Governo para que ficasse tudo dentro de uma mesma Pasta, recriando-se o antigo Ministério da Infra-Estrutura, tal e qual existiu durante o período do presidente Collor.
Felizmente, falou mais alto a voz da razão e compreendeu-se que a área de Energia, hoje, tem um grau de sofisticação que transcende a simples construção de usinas para geração elétrica. Nesse quesito, Bolsonaro fez um gol.
A disputa agora se dá em outro nível, que é a indicação do nome que vai cuidar do Ministério de Minas e Energia. No momento, como é natural, os lobbies se agitam e tentam emplacar seus candidatos.
O presidente eleito, vale lembrar, foi assumindo aos poucos, ao longo da campanha, a sua condição de presidenciável com larga condição para ganhar a eleição. É possível que ele mesmo reconheça que, quando começou a viajar pelo país, ainda não estava preparado para a nova função.
Isso foi acontecendo aos poucos, a partir do momento em que ele passou a ser carregado por populares em todas as cidades que ia. Aquela facada foi um divisor de águas, mas nas ruas de Juiz de Fora percebeu-se com clareza que a candidatura não era de brincadeira e que ele contava com efetiva condição para vencer a eleição. Ele conseguia transmitir muita emoção ao povão, que nele identificou um líder capaz de vencer a eleição.
Depois da facada, como não poderia deixar de ser, o então candidato se recolheu ao hospital ou a sua casa. Foi uma campanha tensa e, nela, Bolsonaro ou os que o cercam falaram muita bobagem, que era perfeitamente desnecessária.
Mas isso também era parte do processo de aperfeiçoamento do presidenciável. Os que o vêem hoje como um presidente eleito mais focado do que um simples candidato, tendo claramente caminhado para o centro, sabem que todas aquelas palavras perfeitamente dispensáveis também integram o aprendizado do presidente Bolsonaro.
Está claro que ele ainda tem um aprendizado pela frente, até assumir o País como presidente da República, a partir de 1º de janeiro de 2019. E depois também continuará aprendendo, pois há uma grande diferença entre ser um deputado federal — mesmo com vários mandatos — e ser o principal mandatário do País. A cada dia é um ensinamento e o Palácio do Planalto com certeza é a melhor escola que existe no Brasil.
Voltando ao MME, o presidente eleito, nos próximos dias, deverá definir o nome de quem vai substituir o ministro Moreira Franco.
Este site não torce por ninguém especificamente, mas espera que o presidente Bolsonaro seja feliz na escolha do novo titular do MME. Que consiga resistir às pressões e não indique lobistas, pois seria a mesma coisa que colocar o bode para tomar conta da horta. Que também não indique técnicos que, mesmo competentes, estejam distantes da realidade brasileira. Ou então que não escolha alguém que seja comprometido com o velho modelo. Se o fizesse, seria enorme retrocesso, que o País não merece.
Ao contrário, este site torce para que Jair Bolsonaro use todo o seu espírito de liderança para escolher um nome que seja capaz de compreender as sutilezas e complexidades atuais que envolvem a área de energia e que saiba tomar decisões sensatas, beneficiando consumidores e agentes econômicos.
Finalmente, o site Paranoá Energia também torce para que o presidente Jair Bolsonaro desça do palanque e veja essa questão da China de forma mais madura.
O setor energético brasileiro passou e passa por momentos muito difíceis e um dos principais problemas foi a questão da capitalização. Estávamos totalmente falidos e muitas de nossas empresas haviam perdido a capacidade de investimento, convivendo também com níveis alarmantes de endividamento e desatualização tecnológica.
Em boa hora, investidores chineses acreditaram no Brasil, entenderam que o país significava uma efetiva oportunidade de negócio, aqui aportaram bilhões de dólares em recursos e salvaram o nosso setor energético da falência. Não podemos simplesmente, agora, rasgar esses contratos.
Os chineses, de modo geral, reorganizaram as empresas, assumiram dívidas, e estão tocando corretamente todos os negócios nos quais se envolveram, sem que nós, brasileiros, possamos reclamar de alguma coisa. Eles têm cumprido corretamente os contratos assinados. Não tem menor o sentido, portanto, o presidente Jair Bolsonaro, por desconhecimento, ficar tomando atitudes que mostram um certo preconceito em relação aos chineses.
Em relação aos chineses, que têm forte presença no setor energético brasileiro, o presidente eleito tem praticado uma hostilidade quase que diária absolutamente desnecessária e incompreensível, o que vai acabar afetando as nossas relações internacionais, onde a China se destaca.
Aliás, em termos de relações internacionais, as prioridades do novo presidente são inadequadas para o País. Ele disse várias vezes que Israel é uma prioridade para a política externa do Brasil. Ora, por mais que se respeite o Estado de Israel e as circunstâncias evangélicas que envolvem o presidente Bolsonaro, pois não se desconhece que os evangélicos têm uma espécie de fixação pela terra onde Jesus Cristo viveu, o fato concreto é que a importância de Israel para o Brasil é mínima, para não dizer que não tem qualquer importância. A China, sim, é uma prioridade. Portanto, a visão do presidente eleito é equivocada e espera-se que ele possa corrigí-la o mais rapidamente possível.
Então, o presidente só precisa compreender que ainda bem que os chineses vieram e resolveram investir não apenas no setor energético brasileiro, mas, também, em outros campos da economia. Não dá para imaginar se o desenvolvimento da História tivesse sido outro e eles não tivessem segurado a barra do setor energético brasileiro.