Ministro Bento, 100 dias.
Quando se olha para os integrantes do ministério, teve de tudo nos primeiros 100 dias do Governo Bolsonaro. Este site não vai aqui analisar todos os nomes que estão no ministério ou que já passaram por ele, mas apenas fazer um breve comentário sobre alguns ministros.
Há alucinados de carteirinha, como o atual ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para quem o nazismo foi de esquerda, sem contar outras bobagens ditas, escritas ou imaginadas. É um bom homem e talvez acredite na existência do Papai Noel. Merece a compaixão de todos nós.
Não se pode esquecer a figura do ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez, também uma boa pessoa, mas a respeito do qual houve uma infeliz convergência de opiniões: ninguém nunca acreditou que ele tivesse algum fiapo de liderança ou experiência para tocar uma Pasta complicada e estratégica como o MEC. Tropeçou em suas próprias atitudes, cada qual mais estapafúrdia do que a outra, e deu no que deu. Foi uma vítima de seus próprios erros.
O ministro Paulo Guedes é uma força da natureza. Toca o seu superministério com competência e, se essa reforma da Previdência Social virar lei, o País precisará homenageá-lo com uma estátua na Esplanada dos Ministérios. É um leão para trabalhar, como poucas vezes já se viu em Brasília.
No Ministério Bolsonaro, merece destaque o titular da Infra-Estrutura, Tarcísio Freitas, um tecnocrata tão discreto quanto eficiente. Este também é o caso da ministra Tereza Cristina, que entende não apenas de agronegócio, mas, também, de como se faz política.
Estranhamente, essa deveria ser uma qualidade do ministro Ônix Lorenzoni, que é parlamentar de carreira, mas está devendo alguma coisa em relação à articulação política. Até que articula alguma coisa dentro de casa, mas, no Congresso, ganha um MM. Poderia ajudar mais no esforço do ministro Guedes, mas é rejeitado por fatias do próprio Legislativo e do seu próprio partido. Não demora muito e poderá ser ejetado da Pasta.
A ministra Damares Alves, responsável pela Pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, falou umas abobrinhas e foi muito criticada. É possível que tenha sido vítima de preconceito por ser uma liderança evangélica, de perfil muito conservador. Mas está mais quieta no seu canto, tocando a sua Pasta.
O ministro do Turismo, Marcelo Antônio, ainda não conseguiu convencer ninguém a respeito de denúncias de falcatruas na citricultura mineira, das quais teria participado. Ainda vive na corda bamba.
Finalmente, é difícil falar dos primeiros 100 dias do Governo Bolsonaro, sob o ângulo dos seus ministros, sem deixar de mencionar os militares, onde se encontram boas surpresas.
Os ministros-generais Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Santos Cruz têm dado contínuas demonstrações de sensatez, e a eles pode-se agregar, embora não seja ministro, o vice-presidente Hamilton Mourão. É um grupo que joga junto há muitos anos, sabe passar a bola com competência e sabe fazer gols. Sem eles, provavelmente Bolsonaro já teria ido para o sal, com seus filhos polêmicos, seus Olavos e algumas de suas ideias malucas.
Também existe o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, que interessa mais diretamente aos leitores do site Paranoá Energia.
Está fazendo um trabalho que é bastante reconhecido. É discreto, eficiente, educado e organizado. Sabe delegar responsabilidades e como poucos sabe cobrar resultados. Enfim, ninguém vira almirante por acaso.
Foi indicado para a Pasta porque o presidente Bolsonaro ficou sem saber se contemplava um nome apoiado pela área de energia ou outro apoiado pela área de gás natural. Na dúvida, o presidente preferiu tirar da cartola o nome de um almirante que ninguém conhecia fora da Marinha. Jair Bolsonaro é visto às vezes como uma espécie de Rei Midas ao contrário, mas, neste caso, deu certo.
Em 100 dias, Bento Albuquerque já impôs o seu ritmo e a sua seriedade. Ninguém chega hoje naquele ministério para fazer fofoca, como acontecia em outras épocas de ministros originários da classe política. Não tem espaço.
O titular do MME está metendo bronca em questões polêmicas, como a cessão onerosa do petróleo do pré-sal, o novo modelo do setor elétrico, a linha de transmissão na região Norte que vai beneficiar o Estado de Roraima. Agora, acaba de anunciar o novo plano para desenvolvimento do mercado de gás natural, algo que é reivindicado pelas classes empresariais há muitos anos. Ele deu uma bela enquadrada na Petrobras, que resistia ao plano.
Enfim, ainda é muito prematuro para se fazer uma avaliação sobre a gestão do ministro Bento Albuquerque, pois 100 dias não passam de 100 dias. Mas pode-se dizer, sem medo de errar, que ele deu a volta por cima em alguns momentos iniciais de indecisão, e é uma boa surpresa entre alguns nomes do ministério que beiram o fracasso e até mesmo a idiotice.
Felizmente, o ministro Bento está longe disso e a área de energia agradece.