20 anos de mercado: a visão da CCEE
Bastante oportuno o projeto da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) de lançar um livro que tem como título “20 anos do mercado brasileiro de energia elétrica”. São 236 páginas, as quais trazem textos assinados por figurinhas carimbadas do SEB. O editor deste site agradece o exemplar que lhe foi enviado pela CCEE.
Ao mesmo tempo que tem os seus méritos, o livro, entretanto, permite que alguns especialistas que sempre foram contra o mercado, que sempre apreciaram o papel de um Estado centralizador, esbanjador, onipresente e onisciente, ainda fiquem por aí, expondo as suas ideias antiquadas, em vez de aproveitarem as suas doces e tranqüilas aposentadorias graças aos extraordinários contratos que tiveram a oportunidade de ganhar ao longo da vida.
É comovedor observar gente que nunca gostou do mercado e que agora faz um extraordinário esforço para se arvorar em defensores número um da liberdade de comprar e vender. Da mesma forma, é bastante constrangedor perceber que quem contribuiu com toda a sua inteligência para praticamente quase destruir o SEB, agora chuta a bola para o alto e diz que nunca teve nada a ver com aquele monstrengo chamado MP 579. Bom, às vezes é necessário polir a biografia e as pessoas compreendem como isso funciona.
O fato concreto é que, 20 anos depois, o SEB não mudou muita coisa. O mercado continua engessado, os adoradores do Estado continuam dando as cartas e os mesmos gênios que ajudaram a manter o status quo praticamente inalterado, nas últimas duas décadas, continuam travando a liberdade de comprar e vender com base em fórmulas matemáticas sofisticadas, mas absolutamente caducas e desnecessárias.
Embora a publicação da CCEE tenha méritos, teria sido muito mais interessante se, em vez de olhar com tanta ênfase para o passado, o livro olhasse para o presente e tentasse vislumbrar um futuro menos controlado, mais barato, mais leve e que esteja em condições de oferecer as respostas que hoje o SEB não tem.