Gás natural: decisão histórica
É provável que nem mesmo o presidente Jair Bolsonaro (que disse várias vezes não entender nada de Economia) e tampouco seus filhos trapalhões ou o filósofo gagá Olavo de Carvalho (que está à direita do Hitler e não sabe) não tenham a verdadeira percepção a respeito do que aconteceu na reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), nesta segunda-feira, 24 de junho.
O fundamental é que os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, sabem exatamente o que aconteceu, pois foi um dia histórico, desses que enchem a cidadania de orgulho.
É verdade que os frutos da decisão tomada pelo CNPE — que agora precisa ser sacramentada pelo presidente da República — não surgirão imediatamente. De qualquer forma, foram lançadas as diretrizes para que dentro de alguns meses o Brasil comece a contar com um sistema de gás natural moderno e competitivo.
Há anos, o Brasil vem esbarrando nas resistências de alguns segmentos, inclusive a Petrobras, que sempre impediram o desenvolvimento pleno do mercado de gás natural no País. Essas atitudes atrasaram enormemente o segmento de gás natural.
A razão é muito simples. Por conta de um sistema arcaico e ineficiente, que nunca deu a devida importância à utilização do gás natural nos processos industriais, o Brasil hoje conta com um preço proibitivo do insumo. Aqui paga-se US$ 11,1 por milhão de BTUs (a medida inglesa que é usada neste caso), contra US$ 6,8 na Inglaterra, US$ 5,2 no México, US$ 4,5 na vizinha Argentina e US$ 4,1 nos Estados Unidos (estes são números médios de 2018, segundo dados da indústria que utiliza o gás natural nos seus processos).
Consequência: os produtos brasileiros em vários segmentos que utilizam o GN em larga escala tornaram-se evidentemente anticompetitivos, o que resultou em menos produção e logicamente demissão de mão-de-obra, sem contar a queda na arrecadação de impostos. Ou seja, só coisa ruim para o País.
Seguramente, o Brasil poderia ocupar uma parcela mais significativa do comércio internacional, caso os seus produtos industrializados fossem mais competitivos, o que não ocorre hoje.
É um verdadeiro milagre que essa mudança esteja ocorrendo no Governo Bolsonaro, pois, seis meses após a posse, percebe-se que não é uma administração federal que tenha uma correta visão de futuro. Poderíamos estar voando, mas sofre-se uma grande angústia no Brasil, hoje, para avançar apenas alguns centímetros. Ainda bem que os filhos do presidente ou o filósofo Olavo de Carvalho não estão interessados em gás natural, pois não devem entender muito disso.
No seu estilo “low profile”, o ministro Bento Albuquerque trabalha intensamente, desde que assumiu o MME, para viabilizar a questão do gás, contando com o entusiasmo do ministro Paulo Guedes, que preza palavras como eficiência e mercado. Essa aliança entre os dois ministros permitiu o quadro de mudanças que agora se anuncia.
Também é possível que os adversários de sempre busquem brechas para bombardear a decisão do CNPE. Em outros momentos, as tentativas de modernizar o segmento de gás natural morreram em alguma gaveta misteriosa do Palácio do Planalto ou então no Congresso Nacional.
Este site se junta aos que, agora, torcem pelo sucesso da nova política de gás natural. Haverá resistências, mas é preciso ter em mente que a economia brasileira como um todo é infinitamente mais relevante do que alguns nichos que defendem políticas antiquadas e estatizantes.