PCHs precisam de mais atenção do MME
O secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, anunciou em São Paulo que o MME prepara mudanças nos leilões de geração previstos para 2020. Antecipou que as alterações deverão beneficiar as usinas térmicas.
Alguma coisa está equivocada na visão do MME. Reive Barros é um especialista em energia elétrica, conhecido nacional e internacionalmente. Professor, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conhece o setor elétrico brasileiro como poucos. Deve ter as suas razões técnicas para favorecer as térmicas.
O difícil de compreender (e aceitar) é que mesmo um especialista qualificado como Reive Barros, ocupando a posição estratégica que ocupa no MME, olha com absoluto carinho para as usinas térmicas e absoluto desprezo para as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
Apesar do discurso altamente favorável do ministro Bento Albuquerque e até mesmo do presidente Jair Bolsonaro, o secretário do MME acredita que devam ser privilegiadas as térmicas, mantendo assim uma injusta penalização às PCHs.
Quando se fala em térmica a gás, fala-se em turbinas importadas e empregos gerados lá fora. Ora, o Governo Bolsonaro, como qualquer governo, diz que procura uma agenda positiva. Como falar em agenda positiva dessa forma?
É natural que o MME queira aproveitar o gás natural que será extraído em larga escala, a partir de agora, dos campos de exploração na plataforma submarina. Mas não precisa necessariamente excluir as PCHs das decisões governamentais, dando continuidade a uma penalização que começou na gestão petista e que inexplicavelmente permanece até hoje.
É lógico que criar agenda positiva no setor elétrico poderia ser a contratação de todos os projetos de PCHs existentes na Aneel. Não é assim, contudo, que o mundo funciona. Porém, a valorização das PCHs é o mínimo que se espera de um Governo que diz estar preocupado com a indústria nacional e a criação de empregos.
Porque, em síntese, é isso que representa o mundo das PCHs, cujos equipamentos são totalmente fabricados no Brasil, gerando empregos no Brasil e contribuindo com a arrecadação de impostos no Brasil. Qualquer outra coisa que se diga contra as PCHs é apenas discurso para boi dormir, que não convence ninguém e serve para ocultar benefícios a projetos que não são prioritários para o País.