Olha o PLD aí, gente!
Como ocorre praticamente a cada dia, tem gente preocupada com a tendência do PLD. Embora seja natural o PLD despencar em períodos como agora, com grande volume de chuvas no Sudeste, há especialistas que entendem que o ONS e a CCEE deveriam olhar não apenas para a previsão de chuva, mas, também, para a quantidade de água que existe hoje nos principais reservatórios. Há aqueles que não acreditam que os reservatórios terão grandes quantidades de água para turbinar ao final do chamado período úmido.
Foi lembrado a este site que as autoridades do SEB podem estar sendo exageradamente otimistas quando definiram a bandeira verde de fevereiro na cor verde e quando aprovaram a queda do PLD médio em todos os submercados, para o período de 08 a 14 de fevereiro. No Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, o PLD caiu 21%. Perdeu 9% do valor no Sul e também despencou no Norte, com menos 22%.
Há quem entenda que é preciso olhar para os reservatórios, pois as chuvas podem estar caindo nos lugares onde necessariamente não contribuem para encher reservatórios. De fato, olhando para alguns reservatórios, observa-se que o volume útil atual não é dos melhores.
Furnas está com 20,93%; Emborcação, 17,93%; Nova Ponte, 21,68%; Itumbiara, 24,07%;Sobradinho, 35,11%; Três Marias, 76,85%; Tucuruí, 34,06%; Serra da Mesa, 13,30%. À exceção de Três Marias, que está bem na foto, para alguns especialistas do setor privado esses percentuais indicam que dificilmente esses lagos estarão com volumes expressivos de água quando terminar o atual período chuvoso. Por isso, na avaliação das mesmas fontes, as autoridades poderiam estar manejando o SEB de uma forma mais cautelosa, considerando que prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Uma fonte ouvida por este site acredita que tem gente no ONS querendo mostrar serviço à Presidência da República, esgrimindo números da Operação que são mais positivos para a opinião pública. Em outras palavras, o comando do ONS estaria trabalhando com um cenário róseo, para melhorar o humor das pessoas.
Se isso estiver ocorrendo, no médio prazo não é uma coisa boa e normalmente termina numa grande confusão, até porque o auge do período seco vai coincidir com uma consulta às urnas municipais. Uma outra fonte, entretanto, entende que os números expressam corretamente o momento atual do sistema elétrico, ou seja, se tem chuva em abundância, não tem sentido manter o PLD lá em cima, nas alturas.
Também pode estar acontecendo um jogo natural do mercado e as opiniões poderiam estar evidenciando posições de ganhador/perdedor que ocorrem diariamente. O setor elétrico não é exatamente um cassino, mas é óbvio que as pessoas apostam fortunas em PLDs altos e baixos. Ganha-se e perde-se dinheiro em grande quantidade nesse tipo de aposta. Às vezes, costuma-se quebrar nesse negócio.
O fato é que, quando se dispõe de um sistema baseado em fonte hídrica, como o Brasil, esse tipo de discussão acontece todos os anos, nesta época do ano. Haverá água suficiente nos reservatórios no segundo semestre? O País precisará recorrer à energia térmica em larga escala, se faltar água? É bom lembrar que se isso acontecer, o tal do PLD vai disparar novamente e talvez, quem sabe, poderá até mesmo bater no valor máximo, que é de R$ 556,58.
Isso tem óbvio impacto eleitoral, pois há vários anos as contas de luz passaram a integrar os devaneios populistas. Que o digam a folclórica ex-presidente Dilma Rousseff e sua equipe com a fantástica e criativa MP 579.
Este site não tem qualquer simpatia pelo PLD e não esconde o que pensa a respeito. Lamenta apenas que o País fique eternamente patinando em torno dessas bruxarias computacionais e não tenha a audácia ou coragem política de abandonar essa forma de cálculo do valor da energia, adotando como substituto o mecanismo de negociação livre entre compradores e vendedores de energia.
O Brasil prefere enterrar a cabeça na areia e fingir que não está acontecendo nada, enquanto felizes consultores e técnicos de diversas áreas ganham rios de dinheiro, sustentando essa ideia maluca chamada PLD e seus cálculos imprevisíveis.
O PLD é um dos símbolos do nosso atraso e deveria fazer parte da pauta de modernização do setor elétrico brasileiro.