ONS usa UTE´s e poupa UHE´s
Ao participar de um painel, durante o Enase, nesta semana, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, admitiu que o sistema elétrico, no final do período seco, chegará com os reservatórios numa condição melhor do que no ano passado, mas ainda assim distante do ideal.
Ele não mentiu, mas, através de uma linguagem cifrada, quis dizer que a situação não é muito boa em termos de quantidade de água guardada nos reservatórios e que o ONS está preocupado.
Na realidade, o que está acontecendo distante dos painéis do Enase, é que o Operador Nacional do Sistema Elétrico está despachando algumas térmicas para não consumir a água de hidrelétricas, praticando um mecanismo que se chama RPO. Isso tem um impacto brutal para os consumidores, pois a energia térmica é muito mais cara do que a hidráulica.
Os dados do próprio ONS mostram que, neste dia 1º de outubro, seis térmicas do submercado Sudeste/Centro-Oeste tinham sido autorizadas a entrar com energia no sistema: Três Lagoas, Termorio, Juiz de Fora, Cubatão, Seropédica e Ibirité, além da UTE Araucária, pertencente ao submercado Sul.
Não é culpa de ninguém, mas o fato é que ou as chuvas estão abaixo dos níveis esperados ou então estão caindo nos lugares errados. Estas circunstâncias fazem a alegria dos proprietários de usinas térmicas e, em contraponto, a tristeza de quem precisa pagar a conta de luz.
Especialistas explicaram ao “Paranoá Energia” que as hidrelétricas sempre tiveram a função de gerar, mesmo quando a carga é baixa. Quando a carga aumenta, a turbina vai automaticamente “abrindo” a água, para que seja gerada a energia necessária ao sistema.
Só que houve um lobby intenso das térmicas e a Aneel acabou criando um mecanismo chamado Reserva de Potência Operativa (RPO), atribuindo essa função também às usinas térmicas. Como quem paga a conta não é o ONS e nem a Aneel e o consumidor é que se ferra, a RPO vai de vento em popa, feliz da vida, fazendo a alegria de poucos.