Irresponsabilidade coletiva na energia elétrica no DF
Não há muito o que acrescentar sobre uma empresa, depois que ela é classificada como uma “bela porcaria”. Assim, a opinião deste editor referiu-se à Neoenergia Brasília, que sucedeu a antiga estatal CEB na concessão dos serviços de energia elétrica para o Distrito Federal. O texto foi disponibilizado em 24 de outubro passado.
A situação dos consumidores no DF continua do mesmo jeito. A energia continua faltando várias vezes ao dia, em diversos lugares. Ou seja, a bela porcaria continua igual.
O que mudou foi que alguns consumidores passaram a reclamar da Neoenergia junto ao site Paranoá Energia, talvez por identificar na internet, através do editorial, um aliado contra os desmandos da concessionária. Os consumidores podem ter a certeza que estamos no mesmo lado, pois o serviço da Neoenergia é uma caixa preta total. Até parece o tal orçamento secreto que tramita na Câmara dos Deputados sob o olhar desconfiado dos ministros do STF.
Nesta terça-feira, 09 de novembro, uma consumidora da cidade satélite do Itapoã, ligou para o Paranoá Energia para reclamar que na casa dela, com a conta em dia, já faltava luz há quase três horas. Para quem não conhece, o Itapoã é uma antiga invasão, que foi regularizada, e hoje é uma comunidade que abriga trabalhadores das classes C e D.
É um absurdo e uma verdadeira sacanagem a forma como a Neoenergia trata os seus consumidores. A concessionária pode alegar que não se pode fazer um omelete sem quebrar os ovos. É o que todas dizem. É verdade que, no caso do DF, a CEB estatal deixou uma herança maldita para a Neoenergia, que precisa fazer consertos na rede. E para melhorar o atendimento, é preciso desligar a rede para que os técnicos possam trabalhar. Isto é perfeitamente compreensível.
O que não se pode entender é porque está acontecendo desta forma, considerando que a Neoenergia não é uma empresa de pequeno porte que surgiu ontem para comandar a CEB. Ao contrário, faz parte de um grupo com enorme experiência em distribuição de energia elétrica.
Na Europa, a sua controladora, a Iberdrola, é uma empresa de tradição e credibilidade. E, no Brasil, a Iberdrola controla outras distribuidoras há vários anos, como as que operam nos estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Norte. A Neoenergia já viu esse filme antes. Tinha tudo para tirar de letra o início da sua atividade em Brasília. Esta inclusive era a grande esperança dos consumidores locais.
A Iberdrola no Brasil atua em todos os segmentos da energia elétrica, não apenas na distribuição, mas, também, na transmissão, geração e comercialização. É uma empresa gigante. Então, é fácil entender que o que está acontecendo no DF não é novidade para a Neoenergia. A novidade é apenas esta: por que está acontecendo um serviço tão desastrado assim exatamente na capital do Brasil?
Não tem justificativa. A concessionária poderia descer um pouco do seu pedestal, deixar a conhecida arrogância ibérica de lado, desculpar-se e simplesmente admitir que está ocorrendo algum erro de comunicação com os consumidores. Simples assim. Mas não. Fica na dela, corta a energia quando quer e no lugar que quer, sem prestar qualquer tipo de esclarecimento aos consumidores, que agem como baratas tontas, sem saber o que fazer e a quem reclamar.
Este site então aproveita a situação para fazer uma provocação. A missão da Aneel é cheia de palavras bonitas, mas, no fundo, resume-se a apenas uma situação: defender os consumidores. E os consumidores do DF, que estranham o distanciamento da Aneel de tudo isso, apelam à agência reguladora para que apenas cumpra a sua missão de protegê-los. Que vá para cima da Neoenergia e exija respeito aos consumidores locais.
A Aneel é uma boa agência e faz um trabalho competente, embora às vezes burocrático. Mas seus dirigentes recebem belos contracheques todos os meses para proteger os consumidores de todo o Brasil, não apenas do DF.
O que está ocorrendo em Brasília é uma irresponsabilidade coletiva de várias autoridades. Mesmo sabendo que este site não é diretamente voltado para os consumidores residenciais ou comerciais, e mais para a política energética, o Paranoá Energia vai aqui disponibilizar as conexões dos diretores da Aneel, para que os consumidores possam reclamar diretamente a respeito do serviço oferecido pela Neoenergia no Distrito Federal:
1. André Pepitone da Nóbrega, diretor-geral, fones 61.2192-8600/8735/8333/8897. E-mail: gabinete.dg@aneel.gov.br
2. Diretor Efrain Pereira da Cruz, fone 61.2192-8967. E-mail: efrain@aneel.gov.br
3. Diretora Elisa Bastos Silva, fone 61.2192-8604. E-mail: Elisa@aneel.gov.br
4. Diretor Hélvio Neves Guerra, fone 61.292-8606. E-mail: helvio@aneel.gov.br
5. Diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto, fone 61.2192-8020. E-mail: Sandoval@aneel.gov.br
Quem quiser, se julgar necessário, pode também reclamar com a instância superior da energia elétrica no Brasil, que é o Ministério de Minas e Energia:
1. Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, fones 61.2032-5401/5932/5041. E-mail: gabinete@mme.gov.br
2. Marisete Fátima Dadald Pereira, secretária-executiva do MME, fones 61.2032-5819/5045/5026/5011. E-mail: secex@mme.gov.br
3. Christiano Vieira da Silva, secretário de Energia Elétrica do MME, fones 61.2032-5924/5934/5923. E-mail: see@mme.gov.br
Alguém precisa fazer alguma coisa. As autoridades do setor elétrico não podem continuar fingindo que não está acontecendo nada em relação à Neoenergia no DF. Por isso, o site Paranoá Energia orienta os consumidores para que, com a devida educação, mas com firmeza, mostrem às autoridades que seus direitos estão sendo simplesmente ignorados e que a Neoenergia não pode esculhambar o pedaço. É preciso botar um pouco de ordem na casa.
Este site e seu editor são defensores da lei e da ordem, mas deve-se considerar que, entre os consumidores, os ânimos estão exaltados. Inclusive já começou a circular no DF uma espécie de teoria da conspiração, da qual este site não participa, segundo a qual a Neoenergia não teria culpa alguma no cartório e simplesmente estaria executando uma política determinada pelo Governo de aplicar um racionamento disfarçado, cortando a energia de forma seletiva, por regiões e por datas selecionadas, a partir de orientação do ONS. Segundo essa tese, seria essa a razão pela qual a Neoenergia, como a mulher de malandro das anedotas dos anos 50, apanha e fica quieta.
Por várias razões, o site Paranoá Energia não acredita nessa tese que circula entre alguns consumidores insatisfeitos com a qualidade do serviço em Brasília. Primeiro, seria muito maquiavelismo da parte do Governo. É verdade que isso não seria nada diante de milhares de mortos na pandemia por causa da omissão do governo.
Entretanto, o ministro Bento Albuquerque é um homem público sério, digno, e não permitiria jamais que essa crueldade fosse feita na sua gestão, por mais atraente que fosse para equilibrar as linhas de consumo e oferta de energia elétrica.
Nesse contexto, os consumidores também podem apelar ao presidente executivo da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.
Madureira é um executivo sério e educado, que todos os anos gosta de reunir jornalistas para informar que as concessionárias vinculadas à Abradee prestam um dos melhores serviços do mundo, com qualidade insuperável, o que infelizmente não é o caso da Neoenergia em Brasília.
Talvez nas áreas onde vivam o ministro e seus assessores graduados do MME, os diretores da Aneel e o presidente da Abradee o serviço da Neoenergia por algum motivo especial não seja tão ruim. De qualquer forma é importante que todos eles saibam o que está acontecendo. Se alguém desejar se comunicar com Marcos Madureira, o telefone é 61.3326-1312 e o e-mail é abradee@abradee.org.br