O que se espera de Landim e Pires
Qualquer que tenha sido a motivação do presidente Jair Bolsonaro para promover as mudanças no Conselho de Administração da Petrobras, o fato é que, sob o ângulo da área empresarial, existe muita esperança no que poderá ser feito por Rodolfo Landim e Adriano Pires, indicados, respectivamente, para ocupar as funções de presidente do CA e presidente executivo da companhia.
Ninguém pode negar que Landim, tendo passado 26 anos de sua vida de trabalho dentro da Petrobras, na qual ocupou inúmeros postos estratégicos, conhece tudo sobre petróleo e gás natural. Da mesma forma, Pires, que já passou pela ANP e hoje é um dos mais renomados consultores da área de óleo&gás no Brasil, também sabe tudo. Mas, muito mais do que saber tudo, o que chama atenção é que ambos têm pesadas identificações com o mercado.
É disso que o Brasil precisa e é isso que se espera de Landim e Pires. Na visão da área empresarial, pede-se apenas que, nos novos postos que passarão a ocupar dentro de alguns dias na Petrobras, possam colocar em prática não apenas os respectivos conhecimentos, mas, também, os compromissos em favor do mercado assumidos várias vezes através dos meios de comunicação.
É preocupante observar que, num ano eleitoral como este, até mesmo a simples indicação de executivos para a Petrobras assume uma conotação de verdadeira guerra. Mas, tentando entender a coisa com um pouco mais de racionalidade, fora da emoção política e da intensa necessidade de fabricar críticas para ganhar votos lá na frente, o fato é que não se espera muito de Landim e Pires, a não ser que eles possam manter a Petrobras no caminho de uma futura privatização, desfazendo-se de ativos que não condizem com a sua função principal de petroleira, que é encontrar petróleo e gás natural.
Além disso, no curto prazo, a iniciativa privada não quer ver a Petrobras como concorrente em negócios de menor porte, que podem ser feitos por empresas particulares e necessariamente não precisam ser executados por uma petroleira gigantesca como a Petrobras.
Um candidato a Presidência da República está revoltado porque Adriano Pires não joga, na sua visão atrasada, no time daqueles que acreditam que “o petróleo é nosso”. Bobagem de um nacionalismo dos anos 50, hoje totalmente anacrônico.
Só resta esperar que Landim e Pires possam trabalhar com alguma paz, no Conselho e na Diretoria da Petrobras, blindando-se como possível for das alucinações que surgirão a partir de agora, em consequência do polarizado jogo eleitoral.
Nos últimos anos, com muito sacrifício, a Petrobras foi recuperada da quase falência em que foi metida graças à ineficiência das mesmas forças políticas que agora apelam para o patriotismo e o nacionalismo, como se não tivessem qualquer responsabilidade com as lambanças que levaram a companhia para dentro do buraco em anos recentes.
Este site deseja sucesso aos novos dirigentes da Petrobras. Seria uma enorme irresponsabilidade deixar a empresa voltar ao passado.