MME com saudade da ditadura
Alguns técnicos do Ministério de Minas e Energia aparentemente estão com saudades da época do general-presidente Geisel, quando a resposta preferida do seu então ministro da Justiça, Armando Falcão, a certas perguntas era a antipática, autoritária e altamente desrespeitosa frase “Nada a declarar”.
O Governo instituiu uma portaria, no dia 25 de março passado, visando à consulta publica da metodologia e das premissas para revisão ordinária das garantias físicas das hidrelétricas despachadas centralizadamente no Sistema Interligado Nacional.
Pois bem, o coordenador geral de Planejamento da Geração do MME, Tercius Murilo Quito, e o diretor de Planejamento Energético, Thiago Guilherme Ferreira Prado, tiveram a cara de pau de informar que não haverá disponibilização aos interessados em conhecer a base de dados utilizada na tal consulta pública.
Ou seja, os gênios do MME abriram uma consulta pública, mas se recusam a fornecer os parâmetros utilizados pelo Governo para que os agentes possam realizar as suas análises e eventualmente apresentar sugestões na CP. Quem quiser formatar uma proposta, melhor procurar um babalorixá para tentar descobrir aonde o MME quer chegar.
Esses dois técnicos estão ligados a um grupo de burocratas que nem deveria existir, a tal da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico – CPAMP. É a famosa comissão do MME cujo nome já é um palavrão e que ninguém em sã consciência sabe dizer exatamente para que serve.
Alguém precisa dizer para esses saudosos da ditadura militar, que estamos vivendo em outros tempos. É verdade que no Governo existem pessoas (infelizmente não são poucas) que choram de emoção quando pensam na época do regime militar, mas pelo menos até agora o atual regime é democrático.
E seria muito interessante se o MME pudesse dançar conforme a música. Não tem essa de enfiar decisões governamentais pela goela abaixo do distinto público, criando consultas públicas fictícias, como parece ser essa aqui mencionada. Pelo visto, a decisão já está tomada e a CP é apenas uma enganação, daquelas para inglês ver.
O MME, que está recheado de militares, pelo menos poderia disfarçar um pouco mais e tentar se adaptar melhor às regras do jogo democrático.
É até possível que o ministro Bento Albuquerque, que é um oficial da Marinha, mas não chega nesse nível rasteiro, nem esteja sabendo dessas caneladas que o seu pessoal anda dando nos agentes. Então fica aqui o registro indignado do site Paranoá Energia.