Roraima se aproxima do SIN
A homologação do acordo judicial que permitirá a retomada das obras da linha de transmissão ligando Manaus a Boa Vista (veja a matéria na seção Notícias deste site), conectando, quando concluída, o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), tem importância histórica.
A decisão significa que, dentro de três anos aproximadamente, poderá entrar em operação uma linha de transmissão de 715 km, sendo 425 km no estado de Roraima e 290 km no Amazonas.
Desse total, cerca de 122 km da LT atravessarão a reserva dos índios Waimiri Atroari. Uma pendência com os Waimiri Atroari é que impedia o início das obras, que, agora, poderão começar imediatamente.
Essa LT deverá custar em torno de R$ 2 bilhões. O fundamental é que, quando concluída, todo o Brasil estará integrado, em termos de energia elétrica, no chamado Sistema Interligado Nacional (SIN). É um feito extraordinário, que destaca o Brasil no mundo da energia elétrica, considerando as dimensões continentais do País.
A conclusão dessa interligação também significa que está chegando a hora de render as devidas homenagens a um grupo de engenheiros eletricistas que dedicaram grande parte de suas carreiras à estruturação do SIN. Esses visionários enxergaram o Brasil 50 anos na frente.
Primeiro foi criado, dentro da Eletrobras, o Comitê Coordenador da Operação Interligada (CCOI), que mais tarde virou o famoso GCOI (Grupo Coordenador da Operação Interligada). Em 1998, no bojo de profundas reformas feitas no setor elétrico brasileiro, o GCOI deu origem ao atual Operador Nacional do Sistema, o ONS.
É muito difícil citar nomes, pois certamente se corre o risco de esquecer alguém no ritmo do trabalho que é exercido o jornalismo. Mas o site “Paranoá Energia” não poderia deixar de registrar alguns profissionais que imaginaram o sistema interligado, no início dos anos 70, e trabalharam com dedicação e criatividade para que o Brasil, hoje, pudesse contar com um sistema elétrico confiável e integrado.
O grande articulador do SIN foi José Marcondes Brito de Carvalho, que tinha sido indicado diretor de Operações da Eletrobras e coordenador do GCOI. Ele é reconhecido como uma espécie de “pai” do SIN.
Junto com o “Dr. Brito”, como é respeitosamente lembrado, trabalharam jovens engenheiros eletricistas que estavam interessados em modernizar o SEB: Mauro Arce, Celso Ferreira, Xisto Vieira, Hermes Chipp, Armando Araújo, Mário Santos e outros.
Uma segunda geração de especialistas em Operação, pode-se chamar assim, seria representada por István Gardos, Luiz Eduardo Barata, Francisco Arteiro, Marcelo Prais e outros.
A soma da inteligência e dedicação desses profissionais e muitos outros que não estão aqui citados faz com que o Brasil tenha uma operação de setor elétrico que é motivo de admiração e respeito em todo o mundo.
Essa interligação se completa agora com o acordo judicial envolvendo a ligação com o estado de Roraima, a única unidade da federação que ainda depende de geração local e que não pode se beneficiar da interligação e confiabilidade do suprimento proporcionada pelo SIN.