A cartinha sobre o MME
O Ministério de Minas e Energia vive a situação inusitada de completar, hoje, 47 dias sem ter um secretário-executivo, o que mostra muito bem o tamanho da compreensão do atual governo a respeito da Pasta. Zero de compreensão, considerando ainda que o ministro é de raiz política e não tem muita intimidade com os assuntos que passam pela área.
O editor deste site já está saindo da terceira para a quarta idade e, com tantos anos de cobertura do SEB, não consegue se lembrar de um outro momento de tanto desprestígio do Ministério de Minas e Energia.
O mais interessante nessa situação é que as pessoas que trabalham no setor vivem como se não estivesse acontecendo nada. Como se tudo estivesse absolutamente normal. E no entanto não é bem assim.
Ao contrário, é uma situação totalmente anormal e a responsabilidade (ou irresponsabilidade) é 100% do governo, que se mostra incapaz de indicar um especialista para o posto, que é altamente estratégico.
Este site tem feito a parte dele, que é lembrar, quase todos os dias, que o MME está travado. Entretanto, chama a atenção o fato que as associações empresariais do setor elétrico estão absolutamente mudas e acomodadas com essa situação, que incomoda todo mundo. Ninguém diz nada. Todo mundo na paz. Se alguém viu um presidente de associação protestar, por favor digam para que este site corrija a informação. Todo mundo rigorosamente na moita.
Um leitor comentou com o editor deste site que as associações, que sempre são tão dinâmicas e rápidas no gatilho no envio de correspondências reclamando disso ou daquilo, poderiam, quem sabe, se posicionar e enviar uma cartinha para alguém, lembrando que o MME não sai do lugar desde o início do governo, pois a equipe foi desmontada e o atual governo não consegue reconstruir.
Mas a dúvida que surge é a seguinte: para quem mandar uma cartinha reclamando? Para o ministro Alexandre Silveira não pode, pois de certa forma ele também é vítima desse processo. Para o presidente Lula não pode, pois ele é maior responsável pelo desmonte. Para o ministro Rui Costa também não dá, pois ele é o executor da política arrasa-quarteirão do presidente Lula.
Para quem, então, as associações empresariais do setor elétrico deveriam mandar uma cartinha? Talvez para o Papa Francisco, mas para ele também não seria possível, pois é um grande admirador do presidente Lula e não faria nada que pudesse arranhar a amizade. Para o presidente do Congresso? Também não dá, pois é forte aliado do governo e, se é aliado, significa que está no mesmo barco.
Bom, aparentemente, o setor elétrico está órfão e não tem a quem pedir ajuda. Alguns mais religiosos talvez possam subir uma montanha e pedir diretamente a Deus, mas isso seria afrontar o monopólio de Moisés.
O fato, Senhores, é que a coisa tá difícil. Ainda bem que vem aí o Carnaval e talvez o ziriguidum faça com que todos nós esqueçamos um pouco a realidade. Afinal, samba, suor e cerveja não combinam com nada disso que está escrito aqui. Depois do Carnaval, talvez, quem saiba, quem tem que tomar decisões fique mais esperto e simplesmente faça o que tiver que ser feito.