De bobo, Silveira não tem nada
Com competência, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai calmamente pavimentando o seu futuro político (que provavelmente passa por uma eleição majoritária em seu estado, Minas Gerais).
A turbulência dos primeiros dias de gestão é coisa do passado. Como poucos no atual governo, Silveira sofreu um absurdo fogo amigo vindo de lideranças do PT, que queriam melar o jogo no MME para impor nomes mais amiguinhos da máquina petista.
Deu tudo errado e hoje a gestão de Silveira no MME está consolidada e voa em céu de brigadeiro numa Esplanada dos Ministérios movida a intrigas. O ministro domina totalmente a Pasta.
Este site não está exagerando. Quem viu o ministro, nesta quarta-feira, no evento da Anfavea, em Brasília, observou com clareza que o ministro comanda o MME com tranquilidade e personalidade.
Em seu discurso, num evento montado para exaltar a eletrificação veicular, ele lembrou que o Brasil tem 88% de matriz limpa e que a frota atual de veículos leves tem motores do tipo flex em cerca de 80%.
Segundo o ministro, nesse contexto, a mobilidade elétrica será uma das principais frentes de trabalho a serem observadas, mas que ela precisa garantir escala, sem esquecer o valor dos biocombustíveis. O ministro não escondeu que o Brasil quer veículos elétricos, mas também quer mais tecnologia nos biocombustíveis, mais tecnologia no campo e mais sustentabilidade na cadeia produtiva.
Segundo Alexandre Silveira, os brasileiros não podem ignorar que os biocombustíveis fazem parte da estratégia nacional de desenvolvimento, algo que vem sendo pacientemente costurado desde o Governo Geisel, nos anos 70. E que o País não pretende abrir mão dessa riqueza.
“Vamos trilhar o caminho da eletrificação, alinhado com a bioenergia e os biocombustíveis”, garantiu o ministro. Nesse sentido, ele também quer alinhar com a indústria o planejamento de médio e longo prazo na direção da economia verde.
Quem conhece o mundo de Brasília, já percebeu há algum tempo que, de bobo, Silveira não tem nada. Se fosse bobo, não teria virado ministro num governo de coalizão em que cobra engole cobra. O exemplo da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também integrante de um partido minoritário na coalizão, como Silveira, está à disposição de todo mundo na Esplanada dos Ministérios.
Numa entrevista a jornalistas, após seu discurso oficial na Anfavea, Alexandre Silveira deu uma cutucada na sua colega do Meio Ambiente, Marina Silva, que não quer nem ouvir falar na exploração, pela Petrobras, de poços de petróleo e gás natural na Foz do Amazonas.
Sem mencionar o nome da sua colega de ministério, Silveira não deixou passar a oportunidade. Como titular da Pasta a que a Petrobras está vinculada, disse que o Brasil é um País que ainda depende de combustíveis fósseis e a Foz do Amazonas representa uma espécie de nova fronteira de exploração e produção.
Lembrou que os brasileiros não podem apenas seguir o canto da sereia nessa história e que precisam avaliar com cuidado, identificando corretamente todos os movimentos. “Precisamos explorar as nossas potencialidades”, disse, frisando que a área em discussão está localizada a 500 km da foz do rio Amazonas.
“Devemos confiar no bom senso. Espero que os órgãos do Meio Ambiente nos digam como devemos fazer e não o que não devemos fazer”.
Esse ministro tem futuro na política.