Eletrificação rural: a missão
Fatos ocorridos após a publicação, por este site, da opinião do editor com o título “Luz no campo é anterior ao PT”, no dia 04 passado, justificam um retorno ao assunto, pois houve alguma incompreensão que precisa ser eliminada.
Trata-se de um tema que infelizmente também entra na desastrada agenda política da polarização, em que forças políticas antagônicas se consideram donas da verdade. Este site, entretanto, é um livro aberto e não vê problema em abordar a questão novamente.
Para início de conversa, vale esclarecer que, na última eleição, este jornalista votou apenas para governador do Distrito Federal e senador, pois entendeu que os demais candidatos para outros postos políticos não eram merecedores do seu precioso voto.
Então, um leitor que ligou para este site, acusando o pobre do editor de ser partidário deste ou daquele grupo político não está homenageando a verdade. Este editor, de fato, já trabalhou para partidos políticos, como assalariado ou simplesmente por idealismo, mas isso foi em outra encarnação, já faz muitos anos.
Hoje, não perde tempo com a classe política, pois não vê relevância ou qualidade na grande maioria dos políticos. É uma opinião particular.
Essa maneira de ver a política no Brasil, logicamente, não é linear. Há políticos decentes, que honram seus mandatos, em vários partidos, de direita, de centro ou de esquerda. Só que infelizmente não são muitos. Aliás, muitos políticos gostam lamentavelmente das mordomias oferecidas pelo Poder Legislativo, se acostumam com elas e não querem largar o osso, o que acaba levando a uma série de situações lamentáveis.
Então, fazem da atividade política um emprego, que em muitos casos tem caráter hereditário e passa de pais para filhos, pois a boquinha é boa demais e a família afinal merece ser bem tratada. Não é um privilégio do Brasil e isso existe em outros países.
O que esse discurso, afinal, tem a ver com a eletrificação rural? Tudo. Este idoso jornalista está querendo dizer que a eletrificação rural é absoluta prioridade para o País, independentemente do Partido que está no Poder.
Pode-se até fazer Marketing com o tema, mas é fundamental que todos tenham a compreensão que levar energia para os mais pobres é o maior programa social que poderia existir neste País cheio de desigualdades.
Com os anos de janela que a idade permite, este editor sabe que o Partido majoritário hoje no Poder tem até alguns bons objetivos programáticos, mas não consegue dissociá-los das ações de Marketing. É um partido que na visão crítica de muita gente é considerado essencialmente marketeiro.
Se é ou não, é outra discussão. Por causa disso deveria desistir de levar a luz ao campo? Não. Lógico que não. Aliás, até tem essa obrigação, considerando que é um partido que diz falar em nome dos mais necessitados. Só precisa ter o cuidado de fazer mais efetivamente em relação ao assunto do que sair por aí trombeteando ações de de Marketing, que às vezes soam como totalmente irreais. Simplesmente, faça o que precisa ser feito. A próxima eleição é só daqui um ano e pouco.
Só os tresloucados acreditam que possuir armas em casa é mais importante do que investir no social. Mesmo entre pessoas que se intitulam como conservadoras, há uma clara convicção que um País tão carregado de desigualdades como o Brasil precisa avançar muito rapidamente nas questões sociais.
E isto não significa apenas colocar mais picanha nos pratos dos pobres, aumentar o valor do salário mínimo, melhorar as condições de saúde. de educação, de transporte ou de segurança pública. Significa também universalizar por completo o acesso à energia elétrica.
Então, vamos deixar bem claro. O site “Paranoá Energia” não é contra investimentos na eletrificação rural, mesmo que alguém possa abusar do Marketing. É algo urgente a se fazer. Nesse contexto, o MME do ministro Alexandre Silveira está 100% certo ao incluir essa questão entre as suas prioridades.
Este editor sabe do que está falando, pois nasceu em uma família que, nos anos 50, tinha várias pessoas vivendo em casebres de taipa no interior de Minas e que usavam lamparina. O poste mais próximo daquele vilarejo de poucas casas, perdido no tempo e no espaço, estava distante vários kilômetros.
Depois de várias décadas e graças ao êxodo rural, essas pessoas melhoraram a qualidade de vida, mas a chaga social ainda está por aí, atingindo dezenas de milhares de brasileiros que não dispõem de energia elétrica em casa.
A universalização na energia elétrica, portanto, é muito bem-vinda e está atrasada. Este é o desafio principal do setor elétrico brasileiro. Ao trabalho, senhores do Governo e das distribuidoras. Hora de falar menos e investir e trabalhar mais.