O alvo é a Eletrobras
Este editor não tem mania de perseguição, mas já tem muitos anos de estrada e viu muita coisa. No momento não tem como não concluir que o recente apagão foi meramente circunstancial e se encaixou na estratégia principal do Governo, que é reverter a privatização da Eletrobras.
Quando se para para pensar a conclusão é uma só: existe uma estratégia em curso e todos os fatos se amoldam ao que deseja o Governo do presidente Lula.
Na campanha, o presidente Lula vira e mexe metia a colher de pau na proposta de privatização da Eletrobras e já dizia que, se eleito, iria tornar a iniciativa sem efeito, caso ela se concretizasse. Isso era visto mais como demagogia típica de todas as campanhas e ninguém acreditava que Lula chegaria a tanto. Está chegando.
Bom, a Eletrobras foi privatizada pelo presidente Bolsonaro. Coerentemente com o que falou na campanha, o presidente Lula passou cada vez mais a atacar a transferência da companhia à iniciativa privada.
Mais recentemente, o Ministério de Minas e Energia pressionou o então presidente da ex-estatal, Wilson Ferreira Junior, a anular decisões que eram da sua alçada como gestor. Wilson se aborreceu e rachou fora. Simplesmente se recusou a participar do show.
O Governo continuou pisando no acelerador e contando até com o apoio da primeira dama Janja, que está se revelando uma grande especialista na área de energia e vinculou o apagão à privatização da Eletrobras. Até mesmo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, se envolveu no assunto e também mostrou súbito conhecimento, dizendo que o apagão era culpa da privatização da Eletrobras.
Simultaneamente, o Governo retirou do programa de desestatização a proposta de venda das ações remanescentes da Eletrobras em seu poder. Então, só não vê quem não quer.
Para o Governo atual, como já foi inclusive apontado pelo próprio presidente Lula, a venda do controle da Eletrobras à iniciativa privada não passa de um ato de bandidagem, crime de lesa-pátria, coisas desse tipo. Enfim, precisa ser anulada, na ótica dos caras que mandam no País no momento.
O que virá pela frente é difícil adivinhar, mas este site arrisca escrever que são atitudes e iniciativas na linha de fazer com que a Eletrobras volte a ser uma estatal. Vai continuar a guerra de guerrilha contra o status quo atual da empresa e contra todos aqueles que defendem a sua privatização.
Há décadas, esse povo tem demonstrado que sabe trabalhar de forma disciplinada e insistente, como se fosse um Exército. Não desanima por qualquer coisinha, não. Elege os seus objetivos e vai em frente, conjugando todos os esforços à disposição: técnicos, classe política, mídia, Poder Judiciário, etc.
É possível que o próximo ato ocorra no âmbito do ONS, onde as pressões governamentais estão comendo soltas no sentido de vincular o apagão à privatização. No Congresso, como se sabe há muito tempo, não há nada que um razoável pacote de emendas parlamentares não possa resolver.
Enfim, leitores, este editor não quer ser pessimista, mas esse filme já foi visto em outros momentos da História. E o que está acontecendo hoje é uma mera repetição. O setor elétrico é apenas uma ponta de algo mais complexo e profundo, que ainda vai dar muita confusão. Trata-se de algo ideológico, que deverá atingir outras áreas que eles consideram prioritárias, como petróleo e gás, educação, rodovias, portos, etc.
Quem se interessa pelo tema deve atualizar os exames cardiológicos, pois vem muita emoção pela frente.