Um ajuste na governança do Fase
É possível que, em 2024, o Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) tenha que rever a sua governança.
O Fase tem enorme importância para o setor elétrico brasileiro e a sua gestão é feita com competência e responsabilidade.
Mas é inegável que os últimos posicionamentos públicos do Fase mostram claramente que há alguma dificuldade no exercício da governança, que não diz respeito às pessoas que tocam o Fase.
O próprio Fórum diz que tem 32 organizações empresariais associadas, que representam todos os elos da cadeia de valor do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), desde a geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumidores de energia elétrica. Também é integrado por algumas associações da cadeia produtiva de equipamentos elétricos e eletrônicos. Pelo menos na apresentação institucional o Fase mostra representatividade.
Entretanto, no seu penúltimo posicionamento, quando se manifestou sobre uma MP (que acabou não saindo até agora) a propósito da renovação do prazo de subsídios para a energia renovável, apenas 16 das 32 organizações vinculadas ao Fase assinaram o documento.
Nesta terça-feira, uma semana depois, a situação estranha se repetiu. O Fase enviou uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, posicionando-se em nome do setor elétrico contra a aprovação de uma proposta envolvendo eólicas offshore, e, desta vez, apenas 17 das 32 associações que integram o Fórum se tornaram signatárias da carta.
Isso já aconteceu em outras situações. Sem querer tirar a legitimidade do Fase, para este site, porém, o Fórum não pode se posicionar em nome do setor elétrico brasileiro quando apenas metade das suas associações é signatária de um ou outro documento.
E como fica a outra metade que não concordou com aquele posicionamento? Afinal, o Fase está se manifestando como Fórum das Associações do Setor Elétrico e não em nome de algumas associações isoladamente. É uma situação muito estranha. Uma questão interna, que o Fase provavelmente terá que resolver.
Neste comentário, relevante observar, o “Paranoá Energia” não está entrando no mérito das propostas defendidas ou criticadas pelo Fase. Não é essa a questão.
Na visão do site, a questão é mais ampla, diz respeito à representatividade, até porque, nos dois casos aqui citados, quando se observa com mais rigor, as associações signatárias que militam no dia a dia do setor elétrico brasileiro são, no máximo, quatro entre os signatários. Com boa vontade, poderiam ser cinco.
Não é uma visão arrogante deste site, mas as demais, com todo o respeito ao Fase, estão ali como uma espécie de figurantes, pois seus interesses são difusos ou eventuais. Para algumas associações, é importante estar dentro do Fase, mas, para o setor elétrico essas associações não têm muita importância. São pesos muito diferentes.
Ora, se o Fase tem 32 associações vinculadas e se apenas quatro ou cinco de fato estão antenadas para as questões levantadas publicamente pelo Fórum, isto significa que muita gente que tem alguma importância está de fora. Essa é a essência do problema.
É por isso que o site sugere um ajuste na governança do Fase. As pessoas que o dirigem têm enorme experiência no setor elétrico brasileiro e são especialistas reconhecidos por unanimidade como possuidores de muita seriedade e competência. Não lhes faltará conhecimento técnico para eventualmente alterar a governança do Fase. É apenas uma questão de ajuste.
Longa vida ao Fase.