Senhores do SEB, barbas de molho
Este site não quer ser desmancha-prazer, mas entende que esse pessoal da área de energia elétrica que acredita em duendes, Papai Noel e no aprofundamento da liberdade de opção aos consumidores, com expansão do mercado livre, deveria ficar mais atento (e naturalmente) preocupado com as notícias que envolvem a Petrobras nos últimos dias.
Há muito tempo, está mais do que claro para este editor que esse pessoal que hoje manda no País não gosta nada da ideia de mercado. Ou melhor, eles gostam, sim, mas desde que o mercado opere dentro das restrições impostas pelo Palácio do Planalto. Gostam de um mercadinho, assim, meio controladinho, para enganar os bobos.
Quando o próprio presidente da República chega numa entrevista em canal de televisão e diz coisas como “não se pode atender apenas à choradeira do mercado”, ou que a estatal não pode pensar apenas nos seus acionistas, ou que uma empresa como a Petrobras precisa pensar no povo, ou que o mercado é um dinossauro voraz que só pensa nele e não pensa no povo, ora, fica muito claro que o presidente da República não entende patavina sobre o mercado de capitais.
E que só enxerga uma empresa como a Petrobras, cujos papéis estão em poder do público em larga escala, como uma peça da política governamental, tomando as atitudes que interessam ao Palácio do Planalto. E que os seus acionistas reclamem com o bispo ou com o papa, caso estejam insatisfeitos.
E o que a nossa principal estatal tem a ver com a área de energia elétrica? Absolutamente tudo.
Nosso mercado elétrico chamado de livre não chega a 50% dos volumes de energia transacionados. Os preços são fixados por meio de uma fantasia tecnológica chamada programas computadorizados; o Governo interfere escandalosamente em organismos que não pertencem ao Governo, como o Operador Nacional do Sistema e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. E por aí segue a nossa liberdade de mercado.
Tem gente que gosta de se enganar e se entusiasma com essas filigranas de liberdade. Ora, se o Governo faz o que faz com uma organização poderosa como a Petrobras, como é possível imaginar que ainda tem gente que acredita piamente que desse mato denominado setor elétrico brasileiro vai sair algum coelho? Vai sair nada.
É um Governo que filosoficamente odeia mercados em geral. Pode ser o mercado de ações ou o mercado de energia elétrica. Esses caras não brincam em serviço.
Portanto, o pessoal que vive puxando o saco do Governo, achando que um ministro sorridente e de fala mansa da área de Minas e Energia vai expandir o mercado e abrir as portas da felicidade, pode tirar o cavalinho da chuva.
Este site gostaria muito de estar totalmente equivocado, mas não deve acontecer absolutamente nada em relação ao mercado de energia elétrica. Vamos continuar, sabe-se lá até quando, amassando o velho barro, sem sair do lugar.
Os defensores do mercado ganharão uma migalha aqui, outra migalha ali e vai continuar a mesma embromação, com o Governo dando as cartas e fazendo sempre o que quer. Igual na Petrobras.