Ninguém aguenta mais a Enel
Certas decisões são difíceis de ser aplicadas, mas em relação à atuação da empresa italiana Enel, em São Paulo, este site acredita que talvez exista uma espécie de unanimidade: a Enel não tem mais condições de continuar operando na concessão dos serviços de distribuição de energia elétrica em São Paulo. Chega.
A distribuidora vem se arrastando, os problemas idem e o pobre do consumidor, que normalmente paga as contas em dia, já está de saco cheio. É possível que os italianos que controlam a concessão também já estejam cansados de todo o estresse e estejam doidos para fazer as malas e tirar o time de campo.
O fato é que ninguém aguenta mais. É o mesmo lenga-lenga de sempre. No temporal, a empresa não podia fazer muita coisa porque a chuva foi muito forte e qualquer concessionária teria sofrido como a Enel sofreu. Agora vem o episódio na zona central de São Paulo. Mais uma vez, a Enel tira o corpo fora e diz que a culpa é da Sabesp. A Enel nunca é culpada de nada. E tome falta de energia, tome prejuízo, tome aborrecimento.
Esses italianos responsáveis pela Enel no Brasil ainda não perceberam o espírito da coisa. A questão principal não está em identificar o culpado por este ou aquele apagão. A questão principal está no fato que São Paulo, a principal cidade do Brasil, não pode ter uma distribuição de energia elétrica de qualidade tão baixa como a Enel tem oferecido aos paulistas.
Este site até já se desculpa com os leitores por usar uma expressão que não faz parte do dia a dia do “Paranoá Energia”, mas qualquer pessoa que acompanhe as questões de energia elétrica no Brasil sabe muito bem que a operação da Enel em São Paulo é isso mesmo: não vale mais do que uma titica de galinha.
Fundamentalmente, a questão é esta: o que as autoridades pretendem fazer com a Enel em São Paulo? O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já distribuiu um comunicado neste dia 19 de março, salientando em português claro que a concessionária perdeu claramente a capacidade para operar.
Seria interessante saber o que a Aneel pensa sobre o assunto. A Aneel é sempre cheia de de nhem-nhem-nhem e até parece um determinado político que jurava todos dias que jogava dentro das quatro linhas. Tudo bem, a Aneel obedece às leis e é bom saber que isso ocorre. Se tem um ritual a obedecer, que obedeça.
Mas será que no contrato dessas concessionárias não existe um dispositivo permitindo a Aneel ou ao MME intervir na empresa, nomear administradores temporários, retomar a concessão, dar uma banana para os italianos e tentar um recomeço com outros controladores? É provável que exista algo nesse sentido, considerando que tudo não passa de um serviço que tem menos qualidade que titica de galinha. Se houver esse item contratual, Aneel, e você não está fazendo nada, então você também está pisando na bola, pois está sendo excessivamente paciente com a Enel.
Este site não deve nada à Enel. Não tem interesses em São Paulo. Sabe separar alguns amigos que lá trabalham da péssima atuação da empresa como concessionária. Por isso, não tem qualquer problema em terminar esta “Opinião do Editor” com esta frase: está na hora da Enel sair de São Paulo e começar tudo de novo com outro concessionário que eventualmente se interesse pelo serviço de distribuição de energia elétrica em São Paulo.
Os consumidores de energia elétrica em São Paulo merecem todo esse respeito por parte das autoridades do setor elétrico, Aneel, MME, etc. Mãos à obra, Senhores, em respeito aos consumidores.