Os novos conselheiros da CCEE
Os agentes associados à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) elegeram três integrantes do Conselho de Administração nesta terça-feira, 23 de abril.
A advogada Gerusa Magalhães foi indicada para a vaga de Marcelo Loureiro como representante dos segmentos de comercialização e consumo.
Ricardo Simabuku, um reconhecido técnico da carreira da Aneel, que também já passou pelo Ministério de Minas e Energia, foi eleito na vaga dos geradores. Vai substituir Talita Porto, cujo segundo mandato está vencendo e não podia ser reconduzida.
Finalmente, na vaga dos distribuidores foi eleito Vital do Rego Neto, que não tem qualquer experiência na área de energia elétrica e cujo maior atributo parece ser filho do vice-presidente do Tribunal de Contas da União e sobrinho de um senador da Paraíba, que também têm o mesmo nome. Ele entra no lugar de Marcos Delgado.
O resultado da assembleia da CCEE induz a algumas reflexões. Simabuku disputou chapa com Rose Santos, que já havia sido conselheira da mesma CCEE por um mandato e tinha sido rifada pelo Governo na eleição anterior. Tentou voltar e não conseguiu.
Tudo indica que a sua história na CCEE está encerrada, embora isso nunca possa ser dito ou escrito de forma categórica, pois o mundo dá muitas voltas.
A eleição de Gerusa Magalhães coroou uma bem feita articulação política da Abraceel e da Abrace, associações que representam respectivamente os comercializadores e os grandes consumidores industriais de energia elétrica. Sua eleição foi tranquila e esses dois segmentos, que já passaram sustos em assembleias anteriores da CCEE, desta vez respiraram aliviados e estão muito satisfeitos com a eleição de Gerusa, em cujo mandato depositam muitas esperanças.
O papelão mais uma vez foi feito pelo segmento dos distribuidores, que têm uma enorme vocação para puxar o saco e agradar o Governo. Qualquer Governo.
Já havia acontecido antes e aconteceu de novo. Na hora da assembleia, os distribuidores sempre estão à disposição para indicar alguém que atende aos objetivos políticos do Governo. É um segmento extremamente vocacionado para ser chapa branca, sempre pronto para colaborar. Como se diz no interior de Minas, Deus Pai.
Será que no segmento da distribuição não existe alguém suficientemente competente para representar os concessionários de distribuição junto à CCEE? Provavelmente, não. Por isso, os distribuidores agora tiveram o cuidado especial de indicar o nome de Vital do Rego Neto, uma pessoa que não sabe absolutamente nada de mercado de energia elétrica para ocupar um cargo bem remunerado no Conselho da CCEE.
Esse novo conselheiro é um nobre representante da oligarquia política da Paraíba. Recentemente, havia sido nomeado para ocupar um cargo comissionado na Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, para ganhar R$ 10 mil por mês.
Sua indicação é bastante oportuna para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que provavelmente deu uma “forcinha” para a escolha do jovem Vital do Rego. O TCU se intromete em todas as áreas de Minas e Energia, hoje, e, quando quer, atrapalha. Quando quer, ajuda. Silveira não deixou passar a oportunidade.
Este site já tratou antes dessa questão. Não é um problema do ministro de Minas e Energia e tampouco da distribuição. É um problema de uma governança extremamente frágil da CCEE, que permite esse tipo de manobra por parte da classe política.
Enquanto a governança for isso que está aí, sempre haverá um ministro com fortes interesses em manipular escolhas para o Conselho da CCEE, tirando da cartola nomes que lhe são politicamente convenientes, mesmo que não entendam absolutamente nada de energia elétrica. É lamentável.