Lula dá bilhete azul para Prates
A demissão, pelo presidente Lula, do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é uma pedra que já estava cantada há bastante tempo. Há semanas, Prates vinha se arrastando como presidente da maior empresa do País.
O fato que detonou a saída de Prates talvez tenha sido a divulgação dos números do balanço referente ao primeiro trimestre, quando a estatal apresentou lucro, mas quase 40% inferior ao mesmo período do ano passado. Politicamente, esse número é muito indigesto.
Este site defende a tese que manter a Petrobras sob controle do Estado é um equívoco. O melhor seria vender a estatal em leilão e partir para outro estilo de governança.
Talvez Lula jamais tenha a ousadia de Jair Bolsonaro, que vendeu o controle da Eletrobras. Aliás, se dependesse do presidente Lula até mesmo a Eletrobras teria retornado ao controle do Estado.
O ex-presidente Bolsonaro arriscou-se a promover a privatização da Petrobras, mas sem qualquer convicção do que estava fazendo. Ainda assim, a estatal chegou a ser incluída no programa de privatização. Aí, veio o presidente Lula, reverteu o processo e tudo voltou à estaca zero.
Informa-se agora que Prates será substituído pela Sra. Magda Chambriard. É uma profissional correta e que conhece o setor. Mas, filosoficamente, é mais do mesmo. Não tem muita diferença em relação a Jean Paul Prates.
O presidente agora demitido fez a sua gestão associado aos interesses dos sindicatos de petroleiros, que se sentem uma espécie de donos da Petrobras. Difícil imaginar que vai sair alguma decisão moderna de sindicalistas que ainda olham para o País como se estivéssemos nos anos 50.
E Prates se apegou aos sindicatos. Só que bateu de frente com o presidente Lula e aí, bem, nem os sindicatos seguram a barra. A fritura de Prates estava encomendada há algum tempo. Até o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, chegou a ser sondado para o cargo, mas declinou. Não quis enfiar a mão naquele vespeiro.
Como essas organizações sindicais de petroleiros estão na base de apoio do presidente da República, também é difícil pensar que a Sra. Magda Chambriard ou qualquer outra pessoa do mesmo grupo político vai, de repente, aplicar um freio de arrumação e buscar outra estratégia para a Petrobras. Não vai. Ao contrário, vai tentar encontrar uma composição amistosa e tudo continuará igual. Trata-se de uma mudança apenas cosmética.
Este site é extremamente pessimista em relação à Petrobras, até porque não acredita na eficiência de empresas estatais. O discurso nacionalista que fundamentou a criação da Petrobras, nos anos 50, e alimentou a sua existência durante décadas não seduz mais o idoso editor do site “Paranoá Energia”.
Na visão do editor, bastaria ao Brasil contar com apenas duas estatais: o Banco do Brasil, que é o caixa do Tesouro Nacional, e a Embrapa, que é, sim, um modelo de empresa pública e faz muito bem o seu trabalho de pesquisa na área do agro.
O resto não tem qualquer importância quando se analisa o controle estatal e deveria ir pro sal. Infelizmente, o Brasil é muito pobre nesse debate privatização x estatização e tudo indica que ficaremos ainda um bom tempo discutindo o assunto sem qualquer objetividade.
Nesse contexto, entra governo, sai governo, entra presidente, sai presidente, não faz diferença. Enquanto as decisões sobre a estatal continuarem passando pelo Palácio do Planalto, o nome na cadeira do presidente não tem grande significado.
Quem manda na Petrobras, atualmente, é o Partido dos Trabalhadores. Bem, e o Partido dos Trabalhadores não tem uma visão exatamente moderna a respeito do que faz a Petrobras.