Silveira precisa falar menos e trabalhar mais. O SEB agradece
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um cidadão interessante. Adora viajar ao exterior. Sempre, é lógico, para atender compromissos que são do maior interesse do País.
Vaidoso e elegante, não é como a maioria de seus colegas da Esplanada, que integram a Associação Nacional dos Jacús, a Anajacú. Silveira sabe combinar a gravata com o terno e a camisa.
Não entende muita coisa sobre os assuntos da sua Pasta, mas, como já está há um ano e meio no cargo, é natural que saiba utilizar pelo menos o jargão. Melhor do que nada ou melhor do que a dona Dilma, que confundia etanol com metanol e cujas declarações se transformaram em motivos de piadas inesquecíveis.
Já é alguma coisa. Só que de vez em quando fala mais do que devia, pois político é assim mesmo e às vezes não se segura. O ministro, aliás, ficaria talvez melhor alocado numa Pasta política, onde o blá-blá-blá já é suficiente.
Na última sexta-feira, 12 de julho, ele disse algo extraordinário. Alertou para as más condições estruturais em que opera o setor elétrico brasileiro. Este site, corretamente, usou um título que sintetiza a visão do ministro: o SEB estaria indo para o buraco, a continuar do jeito que está, na visão de Sua Excelência.
O mais impressionante é que Alexandre Silveira ainda é o ministro de Minas e Energia depois dessa declaração estapafúrdia, absolutamente desatinada, sobre a insustentabilidade do SEB.
É um paradoxo. Se ele é o ministro e tem consciência disso, cabe a ele, como titular da Pasta, tomar as condições que julga cabíveis para corrigir a situação e evitar que o SEB desmorone. É isso que se espera de um ministro, qualquer ministro.
Não basta ir a algum evento ou para uma TV e falar uma bobagem dessas e ficar na dele, lavando as mãos. Um ministro é pago, e muito bem pago, para meter a mão na massa e fazer a coisa funcionar. Corrigir o que precisa ser corrigido.
Isso exige um pacote de atitudes. Por exemplo: viajar menos ao exterior, escolher muito bem os seus assessores técnicos, evitar perder demasiado tempo com a politicagem de varejo em determinado estado. Sobretudo, tomar cuidado com os lobbies que rondam o MME e que depois, por mera coincidência, acabam fechando bons negócios.
Enfim, cuidar com mais carinho e atenção da agenda técnica. Falar menos e trabalhar mais. Os agentes econômicos, os consumidores de energia elétrica e o público em geral agradecem.