ONS recalcula valor do PLD. História que não acaba nunca
Este site já bateu nesta tecla tantas vezes, que até perdeu a conta das críticas feitas ao modelo computacional de formação de preços da energia elétrica utilizado no Brasil. É uma verdadeira piada, mas não tem jeito. Os gênios que controlam o setor elétrico brasileiro continuam empurrando a metodologia pela goela abaixo de todo mundo.
E ninguém tem coragem de botar a cara para dizer alguma coisa assim: “Esse troço é um blá-blá-blá matemático, que não vale nada”. Por isso os modelos produzidos pela genialidade acumulada que existe no ONS, Cepel e algumas consultorias continuam por aí, dando as cartas, como se fossem coisas relevantes. Esses caras se julgam importantes fazendo essa alquimia matemática, da qual apenas eles entendem.
Um informe produzido pelo ONS, datado de 31 de agosto, é um primor de reconhecimento como essa geringonça dos preços computarizados não funciona. Pela milionésima vez, depois de identificar uma “inconsistência” nos dados de entrada do modelo denominado Newave, relacionado ao despacho inflexível da termelétrica Santa Cruz, o ONS fez o que é obrigado a fazer e recalculou os valores do PLD. Ou seja, os dados de entrada simplesmente estavam equivocados. Desculpem, mas de vez em quando acontece, parecem dizer os gênios do ONS/Cepel/consultorias.
Seria engraçado, se não fosse trágico. Esse tipo de decisão do ONS causa confusão no mercado, pois o dinheiro muda de mão com facilidade, num passe de mágica. Quem acha que ganhou, perdeu. E quem acha que perdeu, ganhou. Este site não tem informações, mas é possível que alguém já tenha infartado devido à volatilidade maluca desses preços.
É preciso deixar claro que este editor não é contra os programas computacionais do ONS/Cepel/consultores apenas para ser diferente. Não se trata disso. Também entende que tem muita gente que depende dessa farofa matemática para viver, pagar as contas, etc. Se esses programas deixam de existir, o ONS será obrigado a refazer a sua estrutura e o pobre coitado do estagiário perderá o seu emprego de salário-mínimo mais vale-transporte e vale-alimentação.
É verdade que os ideólogos do modelo, que alimentam o setor elétrico com a fantasia desses programas matemáticos de formação de preços ganham um pouco mais do que o estagiário do ONS. Mas eles já estão com a vida estabelecida. Já ganharam muita grana com essa bobagem e não ficarão no sereno. Ninguém precisa se preocupar com eles.
Enquanto isso, ficamos assim. Vamos brincando de seriedade com esses modelos computacionais. Até a próxima inconsistência identificada pelo ONS e o próximo recálculo do PLD. Até lá.