Mosna e Tili dizem não ao pavão
Se algum desavisado acha que é fácil ser diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está completamente equivocado.
Além de as questões serem tecnicamente complexas, as decisões da diretoria quase sempre envolvem, no final, dinheiro para os agentes econômicos. Os balanços das empresas mostram mais ou menos lucro conforme a Aneel decide.
Dependendo do que está sendo decidido pela diretoria colegiada da agência reguladora do setor elétrico, as empresas ganham ou perdem dinheiro. É natural que, numa situação dessas, o lobby fique rodeando a diretoria, como se as mãos peludas dos lobistas não quisessem nada.
As pressões externas comem soltas e em muitos casos chegam na Aneel travestidas de iniciativas de congressistas. Sempre em nome do interesse nacional, é bom lembrar, esses senadores e deputados colocam as suas cartas na mesa sem a menor cerimônia. O lobby é feito às claras sobre os diretores da Aneel, ninguém se engane.
Por situações diversas, este site já deu uma boas pauladas em dois diretores da Aneel, Ricardo Tili e Fernando Luiz Mosna. Mais por situações extra-regulação, como viagens internacionais e chiliques em reuniões da diretoria. Mas o site nunca contestou, em momento algum, que ambos são sérios e dão dignidade ao mandato.
Agora, por exemplo, quando se vê o estranho e fortíssimo interesse de Sua Excelência, o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, na questão que envolve a Amazonas Energia e a empresa Âmbar Energia, é importante e oportuno ressaltar o papel desempenhado pelos diretores Tili e Mosna, além da área técnica da Aneel.
Como guerrilheiros aplicados, todos eles caíram na trincheira para defender o papel da Aneel quanto à Amazonas Energia. Este site não chega a ser leviano e jamais afirmaria que há interesses escusos de alguém do MME em relação ao assunto. Lógico que todos no MME se pautam pela ética do serviço público.
Mas também entende que os papéis do MME e do ministro Alexandre Silveira não são transparentes. São MP´s que surgem do nada, milagrosamente; são ataques sequer dissimulados contra a agência reguladora, quando o MME deveria se colocar numa posição mais republicana e menos interesseira, protegendo a Aneel e não atacando-a, como faz o ministro, com muito gosto por sinal.
Fernando Luiz Mosna e Ricardo Tili têm liderado a resistência, atitude que nem sempre é compreendida.
Este editor, que já é mais velho do que o rascunho da Bíblia, aprendeu algo no mundo nebuloso de Brasília. Quando autoridades do Poder Executivo se levantam publicamente contra manifestações de agências reguladoras, normalmente é porque algum interesse forte de amigos do Rei está sendo contrariado.
O Paranoá Energia não tem elementos para dizer que isto esteja acontecendo agora, no caso da Âmbar Energia, envolvendo a distribuidora Amazonas Energia. Talvez sejam apenas coincidências, mas que elas existem, existem, viu?
Quanto ao nosso querido ministro de Minas e Energia, é mais ou menos corrente na área de energia elétrica que Sua Excelência se move por caminhos estranhos e faz da sua gestão no ministério um terreno fértil para a politicagem e defesa de interesses pessoais. Há “N” exemplos no MME de Silveira que as questões técnicas, ali, não contam exatamente com a simpatia do ministro. Que, aliás, não entende muita coisa sobre os assuntos que passam pela agenda técnica do MME.
Nessa questão envolvendo a Amazonas e a Âmbar, as impressões digitais do ministro são mais do que visíveis. Este site entende até que ele deveria ser um pouco mais comedido e discreto. Talvez o ministro, que é mineiro, deveria aprender a lição número 1 da política mineira, que é aparecer menos. Sua Excelência é um pavão deslumbrado com o Poder que lhe é atribuído e quer resolver a questão amazonense na base da porrada, às vezes utilizando serviços de intermediários que lhe puxam o saco.
Quanto aos diretores Fernando Mosna e Ricardo Tili e técnicos da Aneel que têm trabalhado firme na defesa do interesse público, este site cumprimenta pela coragem cívica e dedicação. Não é sempre que se vê atitudes assim no serviço público.
Força, Tili. Força, Mosna. Força área técnica da Aneel. A luta continua.