Finalmente, está chegando a hora da verdade para a Enel em SP

Se de fato prosperar a ideia anunciada pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, nesta segunda-feira, 24 de março, segundo o qual todos os 24 prefeitos dos municípios que integram a Região Metropolitana de São Paulo estariam dispostos a entrar com uma ação judicial conjunta contra a Agência Nacional de Energia Elétrica (Anee), para barrar a renovação do contrato de concessão da empresa italiana Enel, será uma iniciativa mais do que oportuna. Por sinal, a ser comemorada.

A agência reguladora é bastante merecedora dessa ação judicial, pois, na visão do site “Paranoá Energia”, se omite no tratamento dado à Enel, como agente de distribuição de energia elétrica na Grande São Paulo.

Como jornalista, este editor acompanha a área de energia elétrica e o trabalho da Aneel mesmo antes da criação da agência. E confessa que nunca viu tamanha frieza da Aneel com uma distribuidora, como acontece na área metropolitana de São Paulo. Inexplicavelmente, a Aneel trata a Enel SP com uma tolerância e paciência que nunca teve com outras distribuidoras. Isso é realmente impressionante.

E quem sai no prejuízo obviamente são os moradores da Grande São Paulo. No momento em que este texto está sendo escrito (às 23h30m da segunda-feira, dia 24 de março) 14.500 unidades consumidoras de energia elétrica na Grande São Paulo estão no escuro. Traduzindo isto para a vida concreta das pessoas, significa que cerca de 40 mil moradores estão sem energia elétrica.

A Enel e seus defensores podem argumentar que 40 mil pessoas, numa população total atendida pela concessionária na Grande São Paulo, que beira 25 milhões de habitantes, são uma espécie de pingo d´água. Olhando friamente apenas para os números isso é verdade. Mas apenas uma parte da verdade.

Seria interessante perguntar a apenas uma dessas 40 mil pessoas o que é chegar em casa à noite, depois de um dia de trabalho, e o ambiente estar no escuro. E provavelmente com a conta de luz devidamente paga.

Esse é o problema da Enel em São Paulo. Ela é incapaz de entender o problema sob o ângulo das pessoas que vivem na área metropolitana de São Paulo. E num dia são 40 mil, no outro 100 mil, no outro 250 mil, no outro 500 mil e por aí vai, pois o céu é o limite.

E isso acontece com a maior naturalidade no território da cidade mais importante do País. As autoridades federais que deveriam tomar uma decisão, inclusive a Aneel, não fazem absolutamente nada.

Aliás, já que o site está mencionando o problema, não custa nada lembrar que as autoridades federais responsáveis pela atividade da Enel em São Paulo são:

1. Presidente Lula;
2. Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira;
3. Diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa;
4. Fiscais da Aneel responsáveis pelo acompanhamento da Enel São Paulo.

Todas essas pessoas apenas fingem diariamente que o problema da falta de luz em São Paulo não é com elas. Será com quem então? Por isso, o site “Paranoá Energia” entende que se for para a frente a decisão anunciada pelo prefeito de São Paulo, ela é oportuna e necessária.

Já está passando da hora de trazer a Aneel para a realidade brasileira. Esses caras que trabalham na diretoria e na fiscalização da agência simplesmente vivem no mundo da lua, em Brasília. Cobrindo a agência reguladora durante 30 anos, este editor envelheceu ouvindo histórias de arrepiar sobre a arrogância de diretores, superintendentes e fiscais da Aneel com empreendedores do setor elétrico brasileiro. Comercializadores, proprietários de pequenas hidrelétricas ou de termelétricas ou mesmo de distribuidores.Esses caras da Aneel se cansaram de pisar na cabeça desse pessoal e de emitir multas, muitas das quais, aliás, foram pagas. Com esse povo de menor expressão, a agência sempre falou grosso.

Com a Enel é diferente. Por isso, a concessionária deita e rola em São Paulo e faz o que quer. A Aneel fala manso, quase se desculpando. Empresa grande de atuação global, sendo que o governo italiano tem interesse direto na companhia, o pessoal da Aneel pisa mansinho, segue a rotina da vida diplomática. Não pagou a multa? Não tem importância, depois a gente vê como fica lá na frente. Seu serviço está uma porcaria? Não se preocupe, a gente dá um jeito. Não precisam se preocupar. Nossos fiscais talvez não estejam vendo direito. Muita árvore derrubando a fiação? Isso é um problema sério, mas com certeza deve ser culpa das prefeituras, que não ajudam a cortar as árvores.

Este site não sabe se é exatamente assim, mas tudo indica que sim, pois o relacionamento entre a Aneel e a Enel se dá em outro nível. Enfim, é uma tristeza só de imaginar que isso possa estar acontecendo desse jeito, enquanto o consumidor de energia elétrica da Grande São Paulo está se… É melhor não usar a palavra, mas os leitores já entenderam.

Vai ser muita cara de pau se o presidente Lula, o ministro Silveira e o diretor Sandoval concordarem com a renovação da concessão da Enel de São Paulo, depois de todo o sofrimento imposto, quase que diariamente e de modo seletivo, aos moradores da área metropolitana de São Paulo.