Chave do cofre da UHE Itaipu está com André Pepitone
A hidrelétrica binacional Itaipu é um colosso da engenharia. Uma das maiores hidrelétricas do mundo. Um ponto turístico em Foz do Iguaçu, tanto quanto as Cataratas. Um orgulho para todos os brasileiros.
O que pouca gente sabe é que a hidrelétrica de Itaipu é uma espécie de saco sem fundo da União. O Governo Federal precisa gastar um dinheirinho (ou um dinheirão) e está apertado no Tesouro Nacional? Não tem problema. O caixa de Itaipu está à disposição para ajudar os governantes. Qualquer governante. De qualquer partido no Poder.
Itaipu está nadando no dinheiro. Parece até aquela imagem do Tio Patinhas, mergulhando na sua piscina cheia de dólares.
A gastança em Itaipu, no entanto, não é feita à revelia da lei. Nada disso. Tudo dentro da normalidade democrática e obedecendo rigorosamente à legislação de gastos do Governo Federal.
A hidrelétrica já liquidou totalmente o empréstimo contraído no início dos anos 70, na Inglaterra, para construir esse colosso de concreto e ferro, que gera grande parte da energia consumida no Brasil. Então, tudo o que entra vai limpinho para o caixa.
Teoricamente, esse excedente de caixa deveria reverter em favor dos consumidores de energia elétrica de todo o País, contribuindo para reduzir as pesadas tarifas pagas por todo mundo, ricos e pobres, gordos e magros, altos e baixinhos. Porque a tarifa de energia elétrica é assim mesmo, bastante democrática. Ferra todo mundo, sem discriminação.
Itaipu, é verdade, destina parte das suas sobras em benefício dos consumidores. E guarda uma parte substancial para uso dos políticos que estão no comando. Afinal, político rala, tem que fazer um agrado aos eleitores. É aí que entra a grana de Itaipu.
Quem percebeu rapidamente a importância de Itaipu nas eleições foi o ex-diretor-geral da parte brasileira na hidrelétrica, general Joaquim Silva e Luna. Na última eleição municipal, ele se lançou como candidato pelo PL e ganhou com facilidade para prefeito de Foz do Iguaçu. Mesmo não tendo sequer cacoete para político. Esse é um tipo de milagre produzido pela dinheirama de Itaipu que irriga a vida política no oeste do Paraná.
Agora, por exemplo, a cidade de Belém está tomando um banho de loja para impressionar bem os visitantes da COP 30. Uma grana torta está sendo gasta na cidade, que não pode receber visitantes estrangeiros com o esgoto a céu aberto.
De onde vem a grana para que a cidade de Belém fique mais bonita e charmosa? Surprise. Vem do caixa de Itaipu, que, aliás, não tem nada a ver com o Pará, com Belém, com a COP 30, mas tem a ver com o presidente Lula e com o seu fiel escudeiro no Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O mesmo caixa que irriga prefeituras do oeste do Paraná, para construir pontes, asfaltar estradas e até remodelar aeroportos.
Com o tempo, por uma dessas distorções da política brasileira, Itaipu foi se transformando numa espécie de BNDES em menor escala. É por isso que nenhum político, de nenhum partido, hostiliza Itaipu. Afinal, alguém hoje pode estar na Oposição, mas amanhã será Governo. Hoje, não se beneficia da grana de Itaipu, mas amanhã, quem sabe e com a graça de Deus, poderá ser Governo e será a vez e a hora da gastança com aquele dinheirão abençoado. Político tem o dom de saber mexer com essas coisas.
Também é por isso que a pessoa mais importante na estrutura de Poder da parte brasileira de Itaipu não é o seu presidente, Ênio Verri, que deixou de ser deputado federal para aceitar o convite do seu colega de partido, presidente Lula, para assumir o sacrifício de ser diretor-geral da parte brasileira da binacional.
A pessoa mais importante de Itaipu é o seu diretor-financeiro. Hoje, quem ocupa a função é um servidor de carreira da Aneel, André Pepitone. Cabe a ele assinar todas as liberações da grana de Itaipu que acaba beneficiando a classe política.
Pepitone, hoje, tem muito mais Poder que vários ministros juntos. Discretamente, sempre na ponte aérea entre Brasília e Foz do Iguaçu, André Pepitone curte o seu exílio dourado na administração federal, depois de ter sido, inclusive, cotado até para titular do MME.
Afinal, não lhe falta capacidade técnica. André Pepitone sabe absolutamente tudo sobre a área de energia elétrica. No seu órgão de origem, chegou a ocupar a direção-geral. Foi e tem sido um discreto conselheiro de ministros de Minas e Energia, senadores, governadores e deputados federais.
O homem que toma conta da chave do cofre de Itaipu é super-discreto e educado. Dentro de um avião lotado provavelmente ninguém vai conhecê-lo. Se ele ficar sentado ao seu lado em um vôo e você quiser falar sobre energia elétrica, ele provavelmente dirá que não entende nada do assunto e que preferia conversar sobre a estrela Proxima Centauri.
Este site obviamente está apenas especulando, pois não tem tanta intimidade assim com André Pepitone. Mas como ele sabe de tudo, é possível que também saiba que a Proxima Centauri está distante cerca de 4,25 anos-luz do Sol, ou seja, o equivalente a 40.208.000.000.000 km.
Itaipu tem os seus mistérios e Pepitone provavelmente conhece todos eles. É um engenheiro que tem fascínio pela política. E também é relativamente novo. Tem 51 anos de idade, embora muita gente acredite que ele não tenha mais do que 45. No mundo de Brasília, esses detalhes às vezes fazem diferença. Os políticos vão passando e Pepitone vai ficando. Ontem na Aneel, hoje em Itaipu, amanhã, quem sabe, ministro de Minas e Energia.
Afinal, conhece todos os políticos, de todos os partidos, principalmente aqueles que mandam nos caras-pálidas como eu e você. Talvez este editor, que já está prá lá de Bagdá, não seja testemunha do momento, mas é bem possível que Pepitone, que é muito competente, numa próxima encarnação política seja ministro do MME.
Ele, então, saberá usar muito bem o dinheirão a fundo perdido da Itaipu Binacional.