MME dá vontade de chorar
Coitado do Ministério de Minas e Energia. É uma moeda de troca de pouquíssimo valor na bolsa de movimentação política do Brasil.
Ao montar a sua equipe de ministros na atual gestão, o presidente Lula teve a cara dura de pegar uma Pasta tipo filé mignon, AAA, como o MME, e entregar a um cidadão que até poderia ser um político de alguma influência no seu estado, mas cujo conhecimento de energia se limitava tão somente ao uso do interruptor para acender e apagar a luz. Péssima indicação, observada deste o primeiro momento.
Não foi um privilégio de Lula tamanha desconsideração com a Pasta de Minas e Energia, escolhendo um nome errado para o cargo errado. Ele mesmo já havia feito isso na sua primeira gestão e, na verdade, estava cometendo apenas um erro praticado por outros presidentes da República. Dizem que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, mas é possível dizer que um presidente da República pode cometer o mesmo erro duas vezes.
Agora, fontes bem informadas do SEB revelaram a este editor que, em busca de apoio político para permanecer no cargo até o prazo de desincompatibilização para as eleições de 2026, o ministro Alexandre Silveira estaria terceirizando por conta própria a negociação de cargos dentro da estrutura do MME e órgãos vinculados.
Nesse contexto, o primeiro a perder o emprego seria Alexandre Peixoto, presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Ultra-fiel ao ministro Silveira, Peixoto, segundo as fofocas do mercado, seria substituído por uma das mais notórias aduladoras do setor elétrico brasileiro, que hoje leva vida mansa na diretoria de uma associação empresarial do SEB que historicamente também sempre apoiou o Governo. A senhora e a associação em questão, aliás, sempre apoiaram o Governo. Qualquer Governo.
O que mais impressiona este editor é a extraordinária passividade de alguns especialistas que se intitulam os gostosões do SEB e que não tomam qualquer tipo de atitude em relação a esse uso grosseiro e de baixo nível do papel institucional do Ministério de Minas e Energia.
Os gostosões do SEB ficam caladinhos como se não fosse com eles. Não reclamaram lá no final de 2022, quando o presidente Lula indicou um cidadão claramente sem condições para tocar a Pasta e aparentemente não vão reclamar agora, quando esse mesmo cidadão estaria usando o MME para se segurar no Poder e garantir o tapete vermelho, terceirizando as indicações políticas em órgãos vinculados à Pasta, em proveito próprio.
Seria cômico, se não fosse trágico. Por isso é que este texto abre deste jeito: coitado do Ministério de Minas e Energia.
Dá vontade de sentar no meio-fio e chorar.